Alguns acham que ele já atingiu o teto e vai cair após as denúncias de envolvimento com o crime organizado
A pesquisa Datafolha divulgada na quinta-feira (5) mostrou Guilherme Boulos (Psol) à frente, com 23% das intenções de voto, e, empatados em segundo, aparecem Ricardo Nunes (MDB) e Pablo Marçal (PRTB) com 22%.
Trata-se da primeira pesquisa Datafolha após o início do horário eleitoral no rádio e na TV e das denúncias sobre envolvimento do PRTB, partido de Marçal, com o PCC. A pesquisa foi realizada entre 3 e 4 de setembro e entrevistou presencialmente 1.204 pessoas acima de 16 anos na cidade de São Paulo.
O que chamou mais a atenção dos analistas na nova pesquisa foi a desaceleração de Marçal, depois dos fatos sobre a sua prisão por roubo qualificado e as denúncias de que dirigentes de seu partido são ligados à facção criminosa PCC.
Ele havia crescido 7 pontos percentuais na pesquisa anterior e, agora, após o escândalo, oscilou apenas 1 ponto percentual, de 21% para 22%.
Ricardo Nunes oscilou de 19% para 22% e Boulos permaneceu em 23%. A campanha de Nunes comemorou o resultado e disse que já era esperado. Já o coordenador do plano de governo de Guilherme Boulos, o deputado estadual Antonio Donato (PT), avalia que Boulos estaria praticamente garantido no segundo turno.
A pesquisa revelou também que a rejeição à candidatura de Pablo Marçal (PRTB) disparou, subindo de 34% para 38%. Ele, agora, é o campeão de rejeição entre os paulistanos. Marçal é mais rejeitado entre homens (39%), quem tem entre 16 e 24 anos (41%) e entre 35 e 44 anos (41%), quem tem ensino superior (52%) e renda domiciliar acima de cinco salários mínimos (47%).
Nos bastidores das campanhas a avaliação é de que a desaceleração de Pablo Marçal era “esperada” depois desses fatos graves que foram revelados. “Chega uma hora que o discurso cansa a população, porque não tem o que mostrar”, analisou uma fonte. No PT e no PSDB, articuladores das campanhas falam que o ex-coach teria atingido um “teto”.
Em posicionamento oficial, a campanha de Boulos classificou como “desaceleração expressiva” o desempenho de Marçal. “As intenções de voto (no candidato) oscilaram apenas um ponto percentual para cima nos últimos 14 dias, enquanto sua rejeição cresceu 4 pontos”, declarou em nota.
Para a campanha de Tabata Amaral (PSB), a candidata acertou no tom adotado em debates e conseguiu engajamento relevante nas redes com vídeos expondo suspeitas de ligações de membros do partido do Marçal com o Primeiro Comando da Capital (PCC), intercalado com propostas.
A equipe considera que o resultado do Datafolha é positivo. “Achamos bom, sobretudo porque confirma a tendência de crescimento. Ela é a única candidata que subiu em todas as pesquisas desde o começo da eleição”, disse o marqueteiro Pedro Simões.
Datena caiu na medição do Datafolha. No intervalo de um mês, o apresentador caiu de 14% para 7%. O desempenho ruim em debates, admitido pelo próprio candidato, a baixa presença em agendas de rua em comparação aos concorrentes e o tempo reduzido de propaganda eleitoral ajudam a explicar o resultado.
Eduardo Leite, advogado e aliado de primeira hora do candidato Luis Datena, disse que “Marçal tem efeito Celso Russomanno, e Nunes, efeito Rodrigo Garcia”. Em outros termos, confia em uma queda brusca nas intenções de voto do ex-coach e na derrota do prefeito mesmo com a máquina na mão.