Governo reduz crescimento para 0,02%. FGV prevê queda de 4,4%
O governo Bolsonaro derrubou para ZER0 a expectativa de crescimento da economia em 2020. A estimativa oficial, que era de avanço de 2,1%, foi revista, passados 10 dias, para 0,02%.
A precisão na estimativa do PIB de 0,02% chega a ser risível, se não fosse trágica. Com a economia estagnada e o avanço do coronavírus ninguém sabe como tudo isso vai terminar, principalmente quando se tem na presidência da República Bolsonaro, que trata a pandemia como “uma gripezinha”. E um ministro, que para destruir o país com suas “reformas estruturantes”, chega a afirmar que após o pior PIB dos últimos três anos “estávamos em pleno voo, começando a decolar”, “em plena reaceleração do crescimento”.
Para uma economia que estava “em pleno voo”, como fantasiou o ministro da Economia, Paulo Guedes, em entrevista ao lado de Bolsonaro, as medidas anunciadas pelo governo jogam mais lenha na fogueira da crise econômica, assim como impedem o próprio enfrentamento do coronavírus.
A pandemia do coronavírus já paralisa por completo a atividade econômica do país, mas o vírus chegou ao Brasil com a economia já doente e, portanto, incapaz de enfrentar a crise. Além de o resultado do PIB (Produto Interno Bruto) do ano passado registrar apenas 1,1%, o Covid-19 se alastra em uma situação em que a informalidade é recorde entre os trabalhadores e em que o governo não abre mão do arrocho fiscal, que retira recursos da povo para transferir a bancos.
O anúncio da revisão de crescimento do PIB foi feito através do relatório de Receitas e Despesas do Orçamento divulgado pelo Ministério da Economia na sexta-feira (20). Uma semana antes, com o coronavírus já ameaçando os lares brasileiros, o ministério sinalizava que ia fazer um novo bloqueio no Orçamento da União. Segundo Paulo Guedes, o bloqueio seria de R$ 40 bilhões, ou seja, menos recursos para saúde, educação, segurança pública, ciência e tecnologia, etc, etc.
O secretário de Política Econômica, Adolfo Sachsida, encarregado do anúncio, disse que um estado de recessão “infelizmente já está sendo previsto”, embora a projeção oficial não admita ainda um PIB negativo.
“Existe uma boa chance de termos um PIB não muito favorável no primeiro trimestre e uma redução significativa no segundo trimestre”, declarou – o que caracterizaria recessão técnica, determinada por dois trimestres seguidos de resultados negativos. “A última vez que o mundo viu algo parecido foi há cem anos atrás, na gripe espanhola. Tivemos seis ‘circuit breakers’ [parada na Bolsa de Valores] em um único mês”, disse Sachsida.
Sob pressão da sociedade, que exige o fim do teto de gastos e mais investimentos públicos para enfrentar a pandemia do coronavírus, o governo, à revelia de Bolsonaro e Guedes, enviou ao Congresso o decreto declarando estado de calamidade pública, que permite gastos emergenciais para fazer frente à crise, impedindo assim o bloqueio dos R$ 40 bilhões almejado por Guedes.
Durante a semana, as medidas tardias e insuficientes anunciadas por Paulo Guedes foram avaliadas por economistas como descoladas da realidade – já que não há proposta alguma de amparo aos trabalhadores e às empresas, cujos representantes já avisaram que vão quebrar e demitir se não houver nenhuma medida do Estado.
Além de antecipar recursos do próprio trabalhador, como o 13º salário do aposentado, o abono salarial e o FGTS, Guedes lançou o “voucher” temporário de R$ 200 por mês para os trabalhadores informais, considerado “desumano” pelo professor de economia da UnB José Luís Oreiro.
“Pensa num informal que ganha na faixa de R$ 1,7 mil a R$ 2 mil por mês. Esse cara, com as restrições (recomendadas para evitar o contágio da Covid-19), vai ter renda zero. Aí o governo vai dar R$ 200 pro cara? É desumano”, afirmou Oreiro.
Sem injetar nenhum dinheiro novo para enfrentar a crise, Guedes ao invés de tentar reduzir os efeitos da crise sobre emprego e renda quer jogar o ônus da crise nas costas dos trabalhadores, através da medida que autoriza empresas a cortarem em até 50% a jornada de trabalho e o salário dos seus funcionários. Aliás, é a essência da PEC Emergencial, reduzir salários e jornada dos servidores públicos, que ele insiste que seja aprovada no Congresso Nacional.
Para o país enfrentar a pandemia do coronavírus e a recessão que se avizinha tem que gastar e muito, como defendem políticos e economistas de diversas ideologias, evitando assim a morte de milhares de brasileiros, o aumento do desemprego que já atinge milhões de trabalhadores e a falência de pequenas e médias indústrias e empresas pelo país afora. “É preciso aumentar os investimentos públicos e fortalecer o mercado interno com o fortalecimento do poder de compra do trabalhador”, afirma o economista Nilson Araújo de Souza, para quem as medidas de Guedes só pioram a crise.
A Fundação Getúlio Vargas, através de seu Boletim Macroeconômico, também divulgado na sexta-feira (20), simulou vários cenários dos possíveis efeitos da crise detonada pela pandemia do coronavírus sobre a economia brasileira. No pior cenário, o PIB em 2020 poderá desabar -4,4%, caso as medidas efetivas do Estado não sejam tomadas.
“Cenários mais realistas que levam em conta dois tipos de mecanismos de propagação – doméstico e internacional operando simultaneamente – sugerem que há risco real de uma queda bastante acentuada do PIB em 2020. No pior cenário, efeitos significativos ainda poderão ser sentidos em 2023. Medidas que mais rapidamente mitiguem e contenham a epidemia em território brasileiro são imperativas para atenuar grande parte dos danos à atividade econômica”, diz a FGV.
Guedes você é o pinóquio da economia no Brasil, viu o pibinho de 2019, bem antes do coronavírus apenas 1.1 quando o prometido era de 2.5 para sois tão inoperante que mesmo depois de todas reformas efetuada, o pibinho foi menor do que em 2017 e 2018, portanto, pega tua mala e desaparece, de economia tu não entende nada é apenas 171.