A investigação sobre a queda do Boeing 737 Max 8 na Etiópia concluiu que os pilotos da Ethiopian Airlines seguiram repetidamente todos os protocolos para controlar a aeronave e que uma falha no software do sistema de controle automático do voo provocou a queda com 157 mortos.
As autoridades etíopes pediram para a Boeing analisar sua tecnologia de controle de voo e disseram que os pilotos da empresa aérea seguiram os devidos procedimentos nas primeiras conclusões publicadas sobre o desastre.
“A tripulação realizou várias vezes todos os procedimentos orientados pelo fabricante, mas não conseguiu controlar a aeronave”, disse a ministra dos Transportes da Etiópia, Dagmawit Moges, após a divulgação da parte preliminar do relatório.
A Etiópia sugeriu que a Boeing revise o sistema de controle de manobrabilidade do 737 MAX e que as autoridades aeroviárias confirmem se o problema foi resolvido antes de permitirem que o avião volte a voar. “Como foram observadas condições de mergulho de nariz involuntárias e repetitivas… recomenda-se que o sistema de controle da aeronave seja revisado pela fabricante”, reiterou Dagmawit.
Os comandos para o avião apontar para baixo foram executados pelo software MCAS, da Boeing. O relatório preliminar da queda do jato da Lion Air na Indonésia sugeriu que os pilotos perderam controle do jato depois de terem problemas com o sistema de controle de voo, como aconteceu neste segundo acidente na Etiópia.
O Boeing 737 MAX 8 da Ethiopian Airlines, que ia da capital da Etiópia, Adis Abeba, para Nairobi, no Quênia, caiu logo depois de decolar no dia 10 de março com 157 pessoas a bordo. Ninguém sobreviveu. A aeronave caiu perto da cidade de Bishoftu, 62 km a sudeste da capital.
Esta foi a segunda tragédia com um 737 MAX em menos de cinco meses. Em outubro de 2018, uma aeronave da Lion Air caiu na Indonésia com 189 pessoas a bordo. Após este acidente, a Boeing divulgou uma circular recordando as diretrizes de emergência para desativar um sistema de estabilização desenvolvido especialmente para os aviões MAX.
Após a queda do avião na Etiópia, vários países tomaram medidas restritivas contra a utilização desse modelo. Pressionada, a Boeing solicitou que a Autoridade Federal de Aviação americana (FAA, na sigla em inglês) recomendasse ao mundo inteiro a interrupção dos voos com o 737 MAX – e não apenas aos EUA. A autorização de voo deste modelo foi então suspensa em todo o mundo.
A agência norte-americana de aviação (FAA), que vem recebendo críticas sobre a forma como decidiu certificar o modelo MAX e o seu sistema automático MCAS, chamou a atenção para o fato de que a investigação ainda não foi concluída.
“Continuamos a trabalhar em direção a um completo entendimento de todos os aspectos deste acidente. Conforme soubermos mais sobre o acidente e fatos ficarem disponíveis, vamos tomar as medidas apropriadas”, disse a FAA.
A Boeing disse que a solução de software criada para o sistema antiestol (sistema automático que deveria manter a estabilidade do voo) dará aos pilotos a autoridade de sempre anular o sistema se ele for ativado por dados imprecisos de um sensor. O problema desta declaração da Boeing é que, nos dois acidentes com o modelo 737 MAX 8 que mataram 346 pessoas, os pilotos tentaram bastante mas não conseguiram desligar o sistema automático, conforme a promessa agora repetida pela fabricante. Como restabelecer a confiança?