Queda em 2021 é a segunda no governo Bolsonaro, diz relatório da ONU
O Brasil caiu do 84º lugar para o 87º no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano da Organização das Nações Unidas (ONU) entre 191 países, em 2021, terceiro ano do governo Bolsonaro. Um recuo de três posições em relação a 2020, segundo os dados do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), divulgado na quinta-feira (8).
O IDH é calculado considerando a expectativa de vida ao nascer, educação, saúde e renda. Pela metodologia do PNUD, quanto mais próximo de 1 maior o desenvolvimento humano. Em 2020, o IDH do Brasil era de 0,758 e caiu para 0,754 em 2021. O recuo brasileiro, o segundo seguido, foi maior do que a média mundial, que também registrou queda por dois anos consecutivos.
No Brasil, a pandemia da Covid-19 que ceifou a vida de mais de 680 mil brasileiros – o segundo país do mundo com maior número de mortes, atrás apenas dos EUA com mais de um milhão – derrubou a expectativa de vida média do brasileiro ao nascer. Uma queda de 75,3 anos em 2019 para 72,8 anos em 2021.
Para a professora da Escola de Saúde Pública de Harvard Márcia Castro, segundo reportagem do Estadão, o recuo “já era esperado”. “Tivemos queda nos principais índices de saúde, renda e educação. A pandemia no Brasil acabou tendo um efeito maior por causa da forma como o País respondeu”, disse. “A demora em adquirir vacinas, negar a gravidade da doença e o caráter regional (com Estados e municípios tentando contornar a demora federal) mostravam que isso era inevitável”.
O Brasil no atual governo voltou ao mapa da fome que dobrou nas famílias com crianças de até 10 anos de idade, entre 2020 e 2022. A fome explodiu atingindo 33 milhões de brasileiros e 125 milhões de pessoas não tem certeza da próxima refeição. Com esses indicadores a queda do IDH seria inevitável.
A taxa global também registrou queda por dois anos consecutivos no período e mais de 90% dos países registraram declínio na pontuação do IDH em 2020 ou 2021. O documento indica que desenvolvimento humano global em 2021 voltou aos níveis de 2016. No caso brasileiro, o índice de 0,754 ainda ficou menor que o IDH de 2016 que foi de 0,759.
No relatório, dez países da América Latina estão em melhor posição do que o Brasil. O Chile aparece em 42ª colocação com um IDH de 0,855, a seguir vem a Argentina, em 47º, com índice de 0,842. O Uruguai está em 58º com 0,809 e, ainda, o Peru em 84º ou 0,762.
No Brasil, o desenvolvimento humano despenca quando a desigualdade entra na equação. O país perde nada menos que 20 posições quando o indicador considera o fator desigualdade. O IDH de 0,754 cai para 0,576, uma queda de 23,6%. A principal causa para o resultado brasileiro neste indicador é a desigualdade de renda.
Pela ordem os países da América Latina estão assim classificados: Chile (42º) Argentina (47º) Costa Rica (58º) Uruguai (58º) Panamá (61º) República Dominicana (80º) Cuba (83º) Peru (84º) México (86º) Brasil (87º) Colômbia (88º) Equador (95º) Paraguai (105º) Bolívia (118º) Venezuela (120º) El Salvador (125º) Nicarágua (126º) Guatemala (135º) Honduras (137º) Haiti (163º).
Suíça, Noruega e Islândia permanecem no topo da lista de Desenvolvimento Humano, enquanto Sudão do Sul, Chade e Níger aparecem nos últimos lugares.