Declaração foi dada após Ministério da Saúde excluir a vacina chinesa, que está em fase final de testes, do cronograma de vacinação
“Desejamos ter a vacina, para os brasileiros de São Paulo e para os brasileiros do Brasil”, disse o governador João Doria (PSDB) ao abordar o descaso do governo federal com a vacina CoronaVac, do laboratório chinês Sinovac.
Em entrevista coletiva nesta quinta-feira (15), na cidade de Taboão da Serra, Doria informou que fará reuniões com o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello e representantes da Anvisa, no próximo dia 21, para que a vacina Coronavac, que será produzida no Brasil pelo Instituto Butantan, seja compartilhada com todo país.
“Vamos em missão de paz no dia 21 [falar com Pazuello], mas com a certeza de que nós desejamos ter a vacina, para os brasileiros de São Paulo e para os brasileiros do Brasil”, disse Doria. “Não se coloca dúvidas sobre a questão científica da vacina”, declarou o governador paulista.
A CoronaVac é a vacina mais avançada em testes no Brasil. O governador também anunciou que os testes da vacina com 13 mil voluntários, para comprovação da eficácia da imunização, estão na fase final e que os resultados serão enviados pelo Instituto Butantan à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) já na segunda-feira (19).
“A vacina do Butantan com a Sinovac é a mais avançada das vacinas neste momento em última etapa de testagem aqui no Brasil. Ela termina nesta semana, neste final de semana, e na segunda-feira os resultados já serão encaminhados integralmente para a Anvisa pelo Instituto Butantan”, explicou.
As tratativas do governo paulista com o Ministério da Saúde para a inclusão da vacina da Sinovac no programa nacional de imunização não vão bem.
Na quarta-feira (14), o ministro da Saúde Eduardo Pazuello se reuniu com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e durante o evento anunciou um cronograma de vacinação contra o coronavírus a partir de abril de 2021, com previsão de 100 milhões de doses no primeiro semestre e mais 100 a 165 milhões no segundo semestre.
Porém, o calendário conta apenas com a vacina da multinacional inglesa AstraZeneca/Oxford e ignora a vacina chinesa.
A reunião contou com a presença do secretário estadual de Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn. Segundo ele, “as vacinas não estão sendo tratadas de forma republicana pelo Ministério da Saúde”.
“Por que uma vacina como a CoronaVac, que está no mesmo pé da de Oxford, aliás está até mais adiantada, está recebendo uma tratativa diferente? Esse foi um questionamento que a gente acabou fazendo e todos os secretários entenderam. Se eu tenho vacinas que estão no mesmo estágio de discussão, por que a de Oxford recebe uma medida provisória com R$ 1,9 bilhão? A gente nem está pedindo esse valor, mas a gente quer um aceno do ministério na aquisição também das vacinas. Isso é algo democrático”, disse o secretário paulista.
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Nesta quinta-feira, Doria disse que se não houver um acordo com o governo federal, a administração estadual tomará todas medidas necessárias para poder vacinar a população de São Paulo.
“Não há hipótese do governo de São Paulo, e eu como governador, aceitar qualquer colocação postergatória, seja do Ministério da Saúde, seja da Anvisa, para não iniciar a vacinação o mais rapidamente possível”, afirmou.
“Para salvar vidas, São Paulo usará todos os recursos necessários. Primeiro no entendimento, no diálogo republicano com o Ministério da Saúde e com a Anvisa, tecnicamente. Mas se isto não ocorrer, saberemos como utilizar mecanismos outros para fazer valer a vacina para os brasileiros, pelo menos os que vivem em São Paulo”, assegurou o governador paulista.