Os três primeiros meses do governo Bolsonaro registraram um aumento bastante elevado do desemprego em todas as regiões do país, segundo dados da PNAD Contínua, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na quinta-feira (16).
No dia 30 de abril, o IBGE já havia adiantado que a taxa de desocupação de janeiro a março subiu para 12,7% em relação ao trimestre anterior (out-nov-dez/2018) atingindo 13,4 milhões de brasileiros. O número de brasileiros no subemprego bateu recorde e chegou a 28,3 milhões de pessoas.
Além de registrar o crescimento do desemprego e do subemprego de Norte a Sul do país, o IBGE também apurou recordes no desemprego entre as mulheres e os jovens.
De cada 4 desempregados, um está procurando emprego há dois anos ou mais. Cerca de 5 milhões de brasileiros estão no desalento – desistiram de procurar emprego.
INFORMALIDADE
Com o país às margens da recessão, a qualidade do emprego e do salário também foram atingidas. Segundo o IBGE, não houve criação de emprego formal no país nos três primeiros meses do ano.
“Nenhum estado apresenta variação positiva de emprego com carteira, o que é bastante desfavorável para o mercado de trabalho”, declarou Cimar Azeredo, coordenador da pesquisa. Ele destacou que o emprego formal “é um emprego de mais qualidade, tem a contribuição para a Previdência, uma série de benefícios que são presenciados no emprego com carteira que não são observado no emprego sem carteira, no trabalho por conta própria”.
Segundo o coordenador da pesquisa, parte expressiva da população, em torno de 40%, está na informalidade. E citou como exemplos: nos transportes, trabalhando como motorista de aplicativos; vendendo alimentação na rua e no comércio por conta própria.
“A desocupação é expressiva, a qualificação não avança e o que sustenta o mercado é o emprego por conta própria e a informalidade. Isso denuncia um diagnóstico bastante grave”, acrescentou Azeredo.
SÃO PAULO
O desemprego subiu em 14 das 27 unidades da federação. Nas demais UFs, houve “estabilidade”, diz o IBGE.
Em alguns estados, a taxa chegou a 20,2% da força de trabalho, como é o caso do Amapá. Em outros, o registro do desemprego é mais simbólico e preocupante, como em São Paulo. O estado que é o mais desenvolvido do país encerrou o 1º trimestre com o desemprego acima da média nacional, em 13,5%, um acréscimo de 1,1 ponto percentual sobre o trimestre anterior.
Na Bahia (18,3%), Acre (18%), Pernambuco (16,1%) e Rio de Janeiro (15,3%), apenas para citar alguns, o desemprego também atingiu parcela surpreendente da população.
SUBEMPREGO
A pesquisa detalhada do encerramento do 1º trimestre mostrou que a chamada taxa de subutilização da força de trabalho (percentual de pessoas desocupadas, subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas e na força de trabalho potencial em relação a força de trabalho ampliada) foi de 25%, o que representa 28,3 milhões de pessoas. Esse foi um recorde para a taxa desde o início da Pnad Contínua, em 2012.
DESALENTO RECORDE
O número de pessoas que desistiram de procurar emprego no primeiro trimestre atingiu resultado recorde. Chamada de população desalentada, esse número chegou a 4,8 milhões de pessoas, dos quais 60% estavam concentrados no Nordeste do país.
Segundo o IBGE, “a população desalentada é definida como aquela que estava fora da força de trabalho por uma das seguintes razões: não conseguia trabalho adequado, ou não tinha experiência ou qualificação, ou era considerado muito jovem ou idosa, ou não havia trabalho na localidade em que residia – e que, se tivesse conseguido trabalho, estaria disponível para assumir a vaga. Ela faz parte da força de trabalho potencial“.
MULHERES E JOVENS
Representando a maioria da população em idade de trabalhar no Brasil (52,4%), a taxa de desocupação entre mulheres chega a 14,9%, acima da média nacional. Entre os homens, a taxa é de 10,9%.
Entre jovens de 18 a 24 anos, a taxa é um disparate em relação à média: 27,3%, ou seja, mais que o dobro.