Número de empregados sem carteira é recorde e contingente de trabalhadores na informalidade sobe para 40,3 milhões
No trimestre encerrado em outubro deste ano, a taxa de desocupação ficou em 6,2%, sendo uma queda de 0,6 ponto percentual (p.p.) frente ao trimestre imediatamente anterior (maio, junho e julho), informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta sexta-feira (29). Em comparação com mesmo trimestre móvel de 2023, o recuo foi de 1,4 p.p.
Foi a menor taxa de desocupação da série histórica da PNAD Contínua, iniciada em 2012. Mas há ainda cerca de 6,8 milhões de pessoas no país em busca de uma vaga de emprego, sem encontrar – menor contingente de desempregados desde o trimestre encerrado em dezembro de 2014. Em relação ao trimestre de maio e julho, a população desocupada recuou -8,0% (menos 591 mil pessoas).
Já a subutilização ficou em 15,4% no trimestre em análise, ante ao recuo de -0,8 p.p. em relação ao trimestre móvel de maio, junho e julho e -2,1 p.p. na comparação anual. Essa é a menor taxa para um trimestre encerrado em outubro desde 2014 (14,8%).
A população subutilizada foi estimada em 17,8 milhões – menor número visto nos últimos 9 anos (maio de 2015: 17,7 milhões de pessoas). O resultado reúne a soma de desempregados, os subocupados com menos de 40 horas semanais e os que estão disponíveis para trabalhar, mas não conseguem procurar emprego por motivos diversos ou desistiram de procurar emprego por não encontrar.
Com os resultados, o nível da ocupação (percentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar) avançou para 58,7% no trimestre, atingindo mais um recorde da série histórica.
No trimestre encerrado em outubro, a população ocupada chegou a 103,6 milhões, também recorde da série histórica, mas um resultado ainda muito atrelado ao alto nível da informalidade do trabalho, que subiu de 38,7 % do trimestre encerrado em julho para 38,9% da população ocupada no trimestre findo em outubro. No mesmo trimestre de 2023, a taxa de informalidade estava em 39,1 %.
Ao todo, no país, são cerca de 40,3 milhões de trabalhadores exercendo atividade de trabalho informal, sem direitos trabalhistas, vivendo de “bicos” – na sua maioria com jornadas excessivas e remunerações miseráveis.
No Brasil, são 14,4 milhões de trabalhadores sem carteira assinada no setor privado, um recorde, com altas de 3,7% (mais 517 mil pessoas) no trimestre e de 8,4% (mais 1,1 milhão de pessoas) no ano. Já os por conta própria chegam a 25,7 milhões.
O número de trabalhadores domésticos cresceu 2,3% (mais 134 mil pessoas) no trimestre e chegou a 6,0 milhões de pessoas.
TRABALHO FORMAL
No trimestre móvel terminado em outubro, o número de trabalhadores no setor privado ficou em 53,4 milhões (um recorde), com altas de 1,9% (mais 995 mil pessoas) no trimestre e de 5,0% (mais 2,5 milhões de pessoas) no ano.
Ao todo, são 39,0 milhões de trabalhadores com carteira assinada no setor privado (excluindo trabalhadores domésticos), também foi recorde. São mais 479 mil pessoas no trimestre e, no ano, mais 1,4 milhão de pessoas.
Por grupamentos de atividade, o trabalho na indústria cresceu 2,9% (ou mais 381 mil pessoas), na Construção (2,4%, ou mais 183 mil pessoas) e Outros serviços (3,4%, ou mais 187 mil pessoas), ambos em relação ao trimestre imediatamente anterior.
Conforme o IBGE, ainda, o rendimento real habitual de todos os trabalhos atingiu R$ 3.255 no trimestre encerrado em outubro, sendo um crescimento de 3,9% na comparação anual.
Por sua vez, a massa de rendimento real habitual totalizou R$ 332,6 bilhões, correspondendo a uma alta de 2,4% na comparação com o trimestre anterior e 7,7% no ano.
Na última quarta-feira (27), o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, alertou que o ritmo de crescimento da geração de empregos formais está desacelerando, por conta da pressão que os juros altos do Banco Central (BC) estão exercendo sobre os investimentos públicos e privados.
“Houve uma desaceleração do crescimento [do trabalho formal em outubro]. Uma desaceleração que a gente já tinha percebido no mês passado [setembro], também comentou Marinho, em entrevista coletiva, na qual avaliou o desempenho do trabalho celetista em outubro, pelos números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
“Quando se aumenta juro você aumenta as despesas do Estado e as despesas nos investimentos. Inibe investimento, também criticou Luiz Marinho, que espera que com a mudança na presidência do BC, que se dará a partir de janeiro de 2025, a autoridade monetária “possa ter mais responsabilidade” com a questão do emprego.
Em outubro, foram gerados 132.714 mil postos de trabalho formais (saldo decorrente de 2.222.962 admissões contra 2.090.248 desligamentos), sendo o pior resultado entre os meses de outubro desde 2020 – início da novo Caged, indicador de responsabilidade do Ministério do Trabalho e Emprego, com metodologia de apuração diferente da PNAD Contínua do IBGE.
Em setembro, o Brasil havia gerado 251.560 mil postos de trabalho, segundo o Caged. Isso significa que houve um recuo de 30,3% de um mês para o outro. Em outubro de 2023, foram criados 190.366 postos de trabalho.
Após o Comitê de Política do Banco Central (Copom) do BC ter feito um aumento de 0,5 ponto na taxa de juros (Selic), que saiu de 10,5% para 11,25% no início de novembro deste ano, o mercado financeiro quer mais aumentos de juros no último mês deste ano.
Para a próxima reunião do colegiado, em dezembro, os bancos exigem que a Selic suba 0,75%, chegando a 12% ao ano, o que geraria ainda mais restrições aos investimentos públicos e privados, além da redução do consumo de bens e serviços no país, em prol do aumento dos ganhos nas aplicações financeiras.