O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta terça-feira, 30, os dados do emprego no país, apontando níveis recordes de emprego sem carteira assinada, de trabalho por conta própria e recorde de subocupação.
A pesquisa mostrou também um aumento brutal de +12,6% no número de desalentados, ou seja, pessoas que desistem de procurar emprego. Segundo a pesquisa, no trimestre encerrado em setembro, o total de desalentados era de 4,8 milhões de pessoas. No mesmo trimestre de 2017, o número era de 4,2 milhões. Com isso, são mais 600 mil pessoas fora da força de trabalho.
Os desalentados não são contabilizados na estatística de “desempregados”, o que justifica uma “queda” na taxa de desemprego, registrada pela pesquisa. Segundo o IBGE, a taxa de desemprego passou de 12,4% no trimestre de 2017 para 11,9% este ano (-469 mil pessoas). Ou seja, contando com o desalento, mais pessoas deixaram a força de trabalho do que pessoas passaram a ter uma ocupação.
Ainda assim, o total de pessoas desempregadas no país chega a 12,5 milhões de pessoas. E ao todo, considerando o conjunto do trabalho subutilizado – que inclui os desempregados, os subocupados (menos de 40 horas semanais trabalhadas), e os desalentados, – falta emprego para 27,3 milhões de pessoas. Um aumento de +2,1%, (+ 559 mil pessoas) em relação ao igual trimestre de 2017.
Para além do aumento do número dos desalentados, o emprego que cresceu nesse período foi principalmente o emprego informal que, segundo Cimar Azeredo, coordenador de trabalho e rendimento do IBGE, já supera o emprego com carteira assinada. Segundo o Cimar, “hoje a informalidade, que soma emprego por conta própria e emprego sem carteira, soma 35 milhões de pessoas, enquanto o emprego com carteira soma 32 milhões”.
Cimar ressaltou que houve aumento da ocupação, no entanto, “a forma com que essas pessoas entram no mercado de trabalho, em sua maioria, são postos de trabalho voltados para a informalidade”.
“A marca da informalidade é bastante presente no mercado de trabalho brasileiro, chegando ao nível mais de alto de pessoas subocupadas, ou seja, pessoas que trabalham menos que 40 horas e têm a intenção de trabalhar mais horas. Ou seja, um mercado de trabalho que gera 1,4 milhão de vagas, entretanto essas vagas são voltadas para a informalidade e com recorde de emprego sem carteira, recorde de trabalho por conta própria e recorde de subocupação”.
Cimar afirmou ainda que entre os agrupamentos responsáveis por esse aumento da população ocupada “está a parte de alimentação, principalmente a alimentação ambulante, ou seja, essas pessoas vendendo quentinhas na rua, isso é um número bastante expressivo”, afirmou.
INFORMALIDADE
De acordo com a pesquisa do IBGE, o trabalho informal é o que mais cresceu. O número de empregados no setor privado sem carteira de trabalho assinada (11,5 milhões de pessoas) subiu +5,5% no trimestre pesquisado (julho-agosto-setembro) em relação ao mesmo trimestre de 2017, e também cresceu +4,7% em relação ao trimestre anterior (abril-maio-junho). Já o emprego com carteira assinada ficou “estável” nas duas comparações, com 33 milhões de pessoas.
A categoria dos trabalhadores por conta própria, – essa em que a principal atividade é a venda de alimentos nas ruas – cresceu +2,6% na comparação anual. São mais 586 mil pessoas, de um total de 23,5 milhões nessa condição.
A subocupação – pessoas que trabalham menos de 40 horas semanais, mas que querem trabalhar mais, ou seja, os “bicos” – atingiu o maior nível desde o início da série em 2012. Ao todo são 6,9 milhões no trimestre encerrado em setembro, um aumento de 9,3% (mais 582 mil pessoas) na comparação anual.
JÚLIA CRUZ