O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou na sexta-feira (28) dados regionais da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD-Contínua) mostrando que o desemprego cresceu em 11 estados no segundo trimestre do ano, na comparação com o primeiro trimestre. A taxa de desocupação atingiu 13,3%, e em 12 estados da federação a taxa esteve acima da média nacional.
Essa taxa, que considera desempregados que buscaram trabalho nos dias antecedentes à pesquisa, representa 12,8 milhões de pessoas sem trabalho. A taxa de desocupação aumentou 1,1 p.p. em comparação com o primeiro trimestre de 2020 (12,2%), e 1,3 p.p. frente ao segundo trimestre de 2019 (12,0%), conforme foi divulgado anteriormente pelo IBGE.
Em apenas 3 meses, o país perdeu 8,9 milhões de postos de trabalho em meio aos impactos da Covid-19 que provocou uma queda recorde no número de brasileiros ocupados.
Esse foi o período mais duro de medidas de restrição por conta da pandemia do coronavírus, marcado pelo fechamento dos serviços não essenciais. A ineficiência do governo em fazer o socorro chegar às empresas foi responsável pelo aumento generalizado do desemprego no país.
As maiores taxas de desocupação foram observadas nos estados do Nordeste e Norte do país: Bahia (19,9%), Sergipe (19,8%), Alagoas (17,8%) e Amazonas (16,5%). Outro destaque foi a taxa de desocupação do Rio de Janeiro, também acima da média nacional, em 16,4%. Comparado o primeiro com o segundo trimestre, os maiores percentuais de aumento na taxa de desocupação foram dos estados de Sergipe (4,3 p,p), Mato Grosso do Sul, (3,7 p.p.) e Rondônia (2,3 p.p.).
“O nível da ocupação caiu em todas as grandes regiões. E a queda recorde no nível da ocupação no segundo trimestre foi mais intensa entre os homens; as pessoas de 18 a 24 anos e, por nível de instrução, as que têm até o ensino médio. Com relação a cor e raça, as pessoas de cor preta e parda, também tiveram quedas bastante acentuada em todo o Brasil”, resumiu Adriana Beringuy, gerente da pesquisa pelo IBGE.
Desalento cresce quase 20%
Entre abril e junho, o número de desalentados subiu 19,1% em relação ao trimestre anterior, alcançando 5,6 milhões de pessoas, com maior predominância em estados do Nordeste como Bahia, Maranhão e Alagoas. A taxa de desalento é composta por trabalhadores em idade de trabalhar que simplesmente desistiram de procurar trabalho porque não encontravam.
Informalidade cai
De acordo com a pesquisa, a taxa de informalidade – que atingiu níveis elevadíssimos no ano passado – atingiu 36,9% no segundo trimestre, queda de 3 p.p. em relação ao trimestre anterior e de 4,3 p.p frente a igual período do ano passado. Apesar da queda em todas as regiões, o Norte (52,5%) e o Nordeste (48,3%), estão acima da média nacional. O Centro Oeste (35,7%), o Sudeste (31,5%) e o Sul (29,4%) apresentam as menores taxas e abaixo da média nacional.
A pesquisadora esclarece que a queda na informalidade não se deve a um maior nível de formalização do trabalho e sim à queda da ocupação entre os trabalhadores informais.
“De fato houve queda na informalidade, porque os trabalhadores informais foram mais atingidos com a perda da ocupação. A queda na ocupação foi puxada por trabalhadores informais”, ressalta Beringuy.
Nos estados, as maiores taxas de informalidade são no Pará (56,4%), Maranhão (55,6%), Amazonas (55,0%) Piauí (53,6%).