Número de trabalhadores com carteira é o menor da série histórica, iniciada em 2012
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apresentou dados que atestam o crescimento do desemprego no país. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD Contínua), agora divulgada mensalmente, registrou no trimestre encerrado em março um aumento expressivo de 1,4 milhão de pessoas que ingressaram na fila do desemprego. Isso elevou a taxa de desocupação do país medida pela pesquisa de 11,8% no último trimestre do ano passado, para 13,1% no primeiro trimestre de 2018.
Foram especialmente as demissões no mercado de trabalho formal (ou seja, de postos com carteira assinada) que fizeram com que o contingente já elevado de pessoas desocupadas no país – agora avaliado em 13,7 milhões de pessoas – crescesse ainda mais de um trimestre para o outro. De acordo com a pesquisa, 408 mil pessoas que trabalhavam com carteira assinada agora estão desempregadas. Uma queda de 1,2% no número de empregados com carteira no trimestre encerrado em março frente ao trimestre anterior (outubro a dezembro de 2017). Atualmente são 32,9 milhões de trabalhadores com carteira assinada no Brasil, o menor número de toda a série da pesquisa, iniciada em 2012, segundo o IBGE. A máxima foi registrada em junho de 2014, com 36,8 milhões de empregos formais, quando teve início a recessão de Dilma e Temer que lançaram a economia do país no fundo do poço.
Um bom termômetro para a dramática situação da economia do país é o comportamento do setor produtivo. Os número de trabalhadores com carteira assinada na indústria caiu 2,7% de um trimestre para o outro, o que representa a diminuição de 327 mil empregos.
Com a indústria da construção parada por falta de investimentos públicos, juros altos e arrocho no crédito para os empresários, os dados da construção também são preocupantes: queda de 5,6% ou redução de 389 mil postos de trabalho.
O comércio, impactado pela queda nas vendas, reduziu o número de trabalhadores em 396 mil – ou -2,2%.
O rendimento médio real, que segundo o IBGE ficou “estável” (R$ 2.169) no trimestre de janeiro a março de 2018, frente ao trimestre outubro a dezembro de 2017
(R$ 2.173), só demonstra o arrocho nos rendimentos do trabalhador brasileiro. Há um ano atrás, o rendimento médio era exatamente o mesmo de março deste ano: R$ 2.169.
O IBGE não computa na taxa de desocupação aqueles que, desempregados, passaram para a informalidade realizando bicos, pequenos serviços ou viraram ambulantes na rua, o que faz com que a taxa de desemprego seja subestimada, apesar de bastante elevada. No primeiro trimestre de 2018, o contingente de trabalhadores “por conta própria” atingiu 23 milhões, de acordo com a pesquisa.