O Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI) divulgou no último dia 29/03 a análise “Emprego e rendimento: entraves ao mercado interno”, que mostra bem o buraco em que o país se encontra.
“O crescimento econômico do país, desde o ano passado, tem encontrado dificuldades em ganhar vigor e apresentar um caráter mais autossustentado. O consumo das famílias, por exemplo, cresceu no 4º trimestre de 2018 a metade do que havia crescido no mesmo trimestre de 2017”, diz o instituto.
Uma das causas apontadas pelo IEDI para chegarmos a essa situação “tem sido uma melhora muito restringida no quadro do emprego, dinâmica que não parece ter registrado grandes progressos neste início de 2019”.
A entidade empresarial cita o “nível elevadíssimo” da taxa de desemprego (12,4%) no trimestre móvel encerrado em fevereiro, praticamente a mesma de um ano antes (12,6%):“Ou seja, nada evoluímos neste tema e o fato é que temos 13 milhões de pessoas sem emprego neste começo de ano”.
Para o IEDI, “dois movimentos concorreram para isso: o número de desocupados praticamente parou de cair (-0,2% nos trimestres móveis findos em jan/19 e em fev/19 ante mesmo período do ano anterior) e o crescimento do número de ocupados estancou em torno de 1% desde o 4º trim/18 (+1,1% em dez/18-fev/19)”.
O instituto destaca o fraco desempenho da atividade industrial como fator inibidor da geração de emprego. “Frente ao mesmo período do ano anterior, já são quatro trimestres móveis seguidos de contração da ocupação industrial. Isso é um notável retrocesso, já que o setor aumentava em quase 5% o emprego na entrada de 2018”.
Outros setores com grandes índices de desemprego são construção, comércio e reparação de veículos e agropecuária.
Além da questão do emprego, há outros entraves para a expansão do mercado interno: “Outro entrave importante tem sido o desempenho do rendimento real, praticamente estável desde o 3º trimestre do ano passado”.
De acordo com o o IEDI, “o que explica isso é não apenas o baixo patamar atual da inflação e, consequentemente, a pequena correção dos salários obtida nas negociações do ano passado, mas também o fato de que a maior parte do emprego que vem sendo gerado refere-se a conta própria e trabalho sem carteira, que contam com rendimentos menores”.
Segundo a Pnad Contínua, mensurada pelo IBGE, o emprego com carteira assinada vem diminuindo desde início de 2015.
“Rendimento travado e ocupação crescendo pouco têm como resultado baixo dinamismo da massa salarial, que é justamente a base do consumo corrente das famílias, daí a acomodação recente que vimos neste componente do PIB”, ressalta o instituto.