Menos R$ 12,1 bilhões em um ano, segundo o IBGE
A soma da renda de todos os brasileiros que têm algum tipo de trabalho recuou 5,4% em abril, menos R$ 12,1 bilhões, segundo a Pnad Contínua divulgada pelo IBGE, em meio ao desemprego recorde que atinge 14,8 milhões de pessoas. São 33,3 milhões que trabalham menos horas do que precisam, os que buscam por trabalho e não encontram e os desalentados, diz a pesquisa divulgada na quarta-feira (30).
A massa de rendimento real habitual ficou em R$ 212,3 bilhões no trimestre móvel terminado em abril. No mesmo trimestre encerrado em abril de 2020, o total foi de R$ 224,37 bilhões.
Em plena pandemia, com a economia patinando, o trabalhador ainda se depara com a inflação que corrói ainda mais sua renda.
Se durante o ano passado, os preços dos alimentos, em particular da carne, do arroz, do feijão, do óleo de soja, ficaram mais pesados no bolso do consumidor, na virada no ano a conta de luz, o aluguel, o gás de cozinha, o transporte e os remédios também ficaram ainda mais caros.
Enquanto os preços dispararam, segundo o IBGE, o rendimento real habitual (R$ 2.532) ficou “estável” no trimestre terminado em abril na comparação com o mesmo período do ano passado. Naquele período, a inflação de abril de 2020 foi de -0,31%, em maio ultrapassava 8%, a maior em 25 anos.
Em meio ao avanço da pandemia, com mais de meio milhão de mortes e nenhuma ação por parte do governo Bolsonaro para conter a crise sanitária e seus efeitos sobre a economia, como a aceleração da vacinação e medidas de manutenção e geração de empregos, a situação das famílias brasileiras é dramática.
Diante desse quadro cresce a busca pelo trabalho por conta própria, o chamado “bico”. São 24 milhões de trabalhadores por conta própria, segundo o IBGE. Uma alta de 2,3% frente ao trimestre móvel anterior (mais 537 mil pessoas) e 2,8% (mais 661 mil pessoas) na comparação anual.
A precarização do trabalho também cresceu. A taxa de informalidade foi de 39,8% da população ocupada, ou 34,2 milhões de trabalhadores sem qualquer amparo legal, sem carteira de trabalho assinada e qualquer direito trabalhista previsto em lei. No trimestre anterior, a taxa havia sido 39,7% e no mesmo trimestre de 2020, 38,8%.