
Dos 8,6 milhões de desempregados no país no final do ano passado, 4,7 milhões eram mulheres
A desigualdade de oportunidades, posição e salários entre homens e mulheres se expressa nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad-Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2022, a taxa de desocupação das mulheres foi 50,8% maior que a dos homens.
No quarto trimestre de 2022, os níveis de desemprego e subemprego entre as mulheres foi acima da média e distante da taxa registrada entre homens: enquanto entre as trabalhadoras a taxa de desocupação foi de 9,8%, para homens o desemprego foi de 6,5%. A taxa geral no período foi de 7,9%.
No Nordeste, só para citar uma das regiões do país, o desemprego entre as mulheres é ainda maior: 13,2% é a taxa de desocupação. Para os homens ficou em 9,1% e a taxa total na região em 10,9%, de acordo com os dados de 2022.
O desemprego no Brasil chegou a um ápice entre 2020 e 2021 – período que coincide com o governo Bolsonaro e a pandemia da Covid-19. A taxa de desocupação neste período alcançou 14,9%: entre as mulheres, contudo, o percentual escalou a 18,5% enquanto a média entre homens foi de 12,2%.
Em números, a disparidade aparece quando a pesquisa do IBGE aponta que, no quarto trimestre do ano passado, 8,6 milhões de pessoas estavam procurando trabalho sem encontrar no Brasil – sendo 4,7 milhões de mulheres e 3,9 milhões homens.
O que os números revelam é que as mulheres são as que mais sofrem com as condições econômicas que propiciam o desemprego e queda na renda das famílias. Em quase 48% dos lares brasileiros, são elas as chefes de família – carregando a responsabilidade pelo sustento e sobrevivência não só de si próprias, mas das crianças e idosos.
Sem creches e proteção social – e ainda ganhando menos do que os homens para exercer as mesmas funções – , as mulheres ainda vivem nas situações mais precárias do mercado de trabalho, recorrendo ao trabalho por conta própria, nas ruas, ou o ao trabalho doméstico, sem carteira de trabalho, ou seja, sem direitos trabalhistas.
A taxa de informalidade em 2022 foi de 38,8% da população ocupada. São 25,5 milhões de brasileiros vivendo de “bico”, por conta própria.
RENDIMENTO DA MULHER É 22% MENOR QUE A DOS HOMENS
De acordo com a Pnad do último trimestre do ano passado, o rendimento médio das trabalhadoras foi 22% menor do que dos homens: enquanto os salários masculinos atingiram uma média de R$ 3.099, as mulheres recebiam R$ 2.416.
A taxa de subutilização destacada na pesquisa – que engloba os desempregados, os que trabalham menos do que poderiam ou que não procuraram trabalho ativamente mesmo estando disponível para trabalhar – também escancara essa realidade.
A média nacional de mulheres em subutilização registrada no fim de 2022 foi de 18,5%. Mas é menor em homens: 14,6%. Significa que, dos 21,3 milhões brasileiros que estão nesta situação, pelo menos 12 milhões são mulheres.