Em 2021, saques superaram depósitos em R$ 35,49 bilhões. O primeiro resultado negativo desde 2016
Os saques na caderneta de poupança em 2021 superaram os depósitos em R$ 35,49 bilhões. Foi o primeiro resultado negativo desde 2016, quando os brasileiros retiraram R$ 40,7 bilhões da poupança.
No ano passado, os brasileiros depositaram R$ 3,4 trilhões e sacaram R$ 3,45 trilhões. Pela primeira vez, o saldo geral das poupanças atingiu mais de um R$ 1 trilhão.
Porém, com o agravamento da crise econômica e sanitária, diante da inércia do governo Bolsonaro e da sabotagem à vacinação, os saques à caderneta de poupança aumentaram para fazer frente à inflação galopante, à queda na renda e o desemprego elevado. Os preços dos alimentos dispararam, assim como da energia elétrica, dos combustíveis e do gás de cozinha, corroendo o orçamento das famílias.
Em 2020, no primeiro ano da pandemia, com os depósitos do auxílio emergencial feitos pela Caixa através da conta-poupança digital, a poupança teve uma captação recorde (diferença entre entradas e saídas) de R$ 166,3 bilhões. Os brasileiros conseguiram guardar dinheiro em meio ao pagamento do auxílio emergencial aprovado pelo Congresso Nacional e diante das medidas restritivas de circulação para salvar vidas. Ainda assim, o consumo das famílias garantiu um desastre menor na queda do Produto Interno Bruto (PIB).
As transferências de renda, com o auxílio emergencial de R$ 600,00 e R$ 300,00 em 2020 e a redução por Bolsonaro para R$ 250, em média, e por alguns meses, em 2021, foram os recursos que fizeram a diferença nos saldos das cadernetas de poupança.
Na crise econômica que Bolsonaro e Guedes vão aprofundando a níveis nunca antes vistos – com cerca de 13 milhões de desempregados e 38,2 milhões no trabalho precário, na informalidade, 25,6 milhões vivendo de bico e 5 milhões de desalentados, segundo dados do IBGE do trimestre encerrado em outubro de 2021-, quem ainda tem algum dinheiro recorre à poupança.
A queda na renda, de menos 11,1%, a falta de investimentos públicos e a falácia das privatizações, tudo isso sobre pedras que vêm de longe e do agravamento dessas condições nos últimos dez anos, vão deixando as famílias na penúria.
Quem faz poupança é o trabalhador. Rico, classe média alta, faz aplicação. Com o nível de renda achatado, com o salário mínimo brasileiro menor do que aquele pago no Paraguai e, todas essas dificuldades vistas, de fato, fica bem difícil fazer crescer a poupança nacional.
O saldo negativo de R$ 35,49 bilhões em 2021 só não foi maior pelos saques que superaram os depósitos em 2015 em R$ 53,568 bilhões e 2016 em R$ 40,702 bilhões, na grave recessão da economia naqueles dois anos, sem auxílio emergencial no contexto.
Os dados da poupança foram divulgados pelo Banco Central na quinta-feira (6).