Total de trabalhadores bateu novo recorde, chegando a 102,0 milhões. Sem emprego estão 7,4 milhões de pessoas no país
A taxa de desemprego no Brasil ficou em 6,8% no trimestre encerrado em julho, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta sexta-feira (30). O resultado corresponde a um recuo de 0,7 ponto percentual (p.p.) frente ao trimestre de fevereiro a abril de 2024 (7,5%) e uma queda de 1,1 p.p. na comparação com o mesmo trimestre de 2023 (7,9%).
Conforme o IBGE, essa é a menor taxa de desocupação para um trimestre encerrado em junho na série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, iniciada em 2012. Mas, ao todo, ainda está faltando emprego para 7,4 milhões de pessoas no país – sendo o menor contingente de desempregados desde o trimestre encerrado em janeiro de 2015.
O número de brasileiros exercendo algum tipo de atividade profissional no país (População Ocupada) bateu um novo recorde, ao atingir 102,0 milhões de pessoas no trimestre. Esse resultado foi possível pelo avanço do número de trabalhadores com carteira de trabalho no setor privado (exclusive trabalhadores domésticos), que chegou a 38,5 milhões de pessoas (recorde da série); mas também pela continuidade do alto nível da informalidade do trabalho no país.
No trimestre encerrado em julho, a taxa de informalidade foi de 38,7% da população ocupada. Isso significa que existem no Brasil mais de 39,4 milhões de pessoas exercendo atividades de trabalho sem direitos trabalhistas, na sua maioria, vivendo dos chamados “bicos”, ocupações de trabalho de baixa qualidade e de baixa remuneração, que muitas vezes não chegam a sequer meio salário mínimo (R$ 706).
A PNAD também apontou que o nível de pessoas na subutilização da força de trabalho voltou a cair no país. No trimestre encerrado em julho, a taxa composta de subutilização ficou em 16,2%, sendo um recuo de 1,2 p.p. frente ao trimestre imediatamente anterior e -1,6 p.p. no ano. Essa é a menor taxa para um trimestre encerrado em julho desde 2014.
De acordo com o IBGE, o aumento do emprego no setor privado, tanto com carteira ou sem carteira, foi puxado pelo comércio, e as demais atividades não apresentaram grandes variações. No setor público, com ou sem carteira, a alta veio do ensino fundamental e na administração pública municipal.
No trimestre encerrado em julho, o rendimento médio real das pessoas ocupadas foi de R$ 3.206, com estabilidade frente ao trimestre móvel anterior e alta de 4,8% na comparação anual. Já a massa de rendimentos, a soma das remunerações de todos os trabalhadores, atingiu R$ 322,4 bilhões, altas de 1,9% no trimestre e de 7,9% na comparação anual.
BC X GERAÇÃO DE EMPREGOS
O avanço da geração de novos empregos, isto é, trabalho de qualidade e boa remuneração, vem incomodando a diretoria do Banco Central (BC), que já defende que o Brasil atingiu pleno emprego, para alardear o risco futuro do aumento da inflação, causada por um “mercado de trabalho forte”. Para evitar esse cenário, diz a cartilha dos liberais, deve-se apertar ainda mais a política monetária, via aumento dos juros, para desestimular a criação de empregos.
Buscando frear qualquer “aquecimento” na economia, em junho deste ano, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC interrompeu o ciclo de corte da taxa de juros básica (Selic), que teve início em agosto de 2023, época que a taxa estava fixada em 13,75%. Ao todo, foram seis cortes pingados de 0,5 ponto e um corte de 0,25 p.p, a cada reunião realizada pelo colegiado até março deste ano.
Hoje, a Selic está em 10,75% e, mas diante da “coesão” que ocorreu nas duas últimas reuniões da diretoria do BC em manter a taxa em níveis escorchantes, o mercado financeiro já pressiona para o aumento do nível da Selic na próxima reunião do colegiado em setembro.
Segundo as próprias palavras do diretor de Política Monetária do BC, Gabriel Galípolo, “a alta está na mesa, sim, do Copom”, afirmou recentemente. Nesta semana, Galípolo teve seu nome confirmado para ocupar o cargo de presidente do BC, pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Na última segunda-feira (26), ao destacar que não acredita em “grandes rupturas” na atual política monetária, que mantém o Brasil com uma das maiores taxas de juros reais do planeta (quando descontada a inflação), Galípolo sinalizou que se a atividade econômica aquecer, os juros vão subir.
“A gente pega alguns indicadores de inflação, de produtos que não podem ser importados, para olhar o quanto isso pode ser um termômetro de quanto a atividade econômica está aquecida e pressionando salários e preços”, declarou Galípolo esta semana no Piauí.