São 8,5 milhões de pessoas em busca de trabalho, uma alta de 4,1% na comparação trimestral
A taxa de desemprego cresceu no Brasil e ficou em 7,8% na passagem de dezembro de 2023 e fevereiro deste ano, em comparação ao trimestre encerrado em novembro de 2023 (7,5%), conforme a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, divulgada nesta quinta-feira (28) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Com o ingresso de 332 mil pessoas a mais no país à procura de uma vaga de emprego, após o término das datas festivas de final de ano, a população desempregada chegou a 8,5 milhões de pessoas no trimestre, sendo uma alta de 4,1% em comparação com o trimestre imediatamente anterior. Este é o primeiro aumento no contingente de desempregados no país desde o trimestre móvel encerrado em abril do ano passado.
O avanço do desemprego no país ocorre em meio a sinalização do Banco Central (BC) em desacelerar ainda mais o corte na taxa básica de juros (Selic), que ainda se mantém em nível muito elevado, travando os investimentos e o consumo de bens e serviços no Brasil.
Na ata mais recente do Comitê de Política Monetário (Copom), diretores do BC, que seguem sob o comando de Roberto Campos Neto, repercutem o mal-estar do mercado financeiro com os esforços do governo Lula de ampliar os investimentos públicos e privados no país, ao afirmarem que a atividade econômica resiliente, os aumentos do emprego e da massa salarial, ameaçam a velocidade da desinflação e, que “esmorecimento no esforço de reformas estruturais e disciplina fiscal” e o “aumento de crédito direcionado” pelo governo “têm o potencial de elevar a taxa de juros neutra da economia, com impactos deletérios sobre a potência da política monetária”.
Na semana passada, o colegiado de diretores do BC, por unanimidade, votou por reduzir, mais uma vez a conta-gotas, a Selic em apenas 0,50 ponto percentual. Com isto, a taxa base saiu dos 11,25% para 10,75% ao ano, mantendo os juros reais (descontada a inflação) entre os maiores do mundo.
SETOR DE SERVIÇOS LIDERA NOVAS CONTRATAÇÕES
No trimestre terminado em fevereiro deste ano, a criação de vagas de trabalho foi puxada por Serviços, enquanto o agronegócio e a administração pública lideraram as dispensas.
A PNAD Contínua do IBGE aponta que no período foram observadas as reduções no contingente de trabalhadores da Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (3,7%, ou demissões de 308 mil pessoas), na Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (2,2%, ou 395 mil pessoas desligadas do setor), na Indústria (0,3%, ou demissões de 35 mil pessoas), Construção (1,2%, ou dispensa de 85 mil pessoas) e em Serviços domésticos (0,4%, ou desligamento de 23 mil pessoas).
Por outra via, houve avanços no número de pessoas ocupadas nos Transportes Armazenagem e Correio (5,1%, ou mais de 285 mil pessoas), Informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas (1,1%, ou acréscimo de 139 mil pessoas), Alojamento e alimentação (1,3%, ou acréscimo de 71 mil pessoas), e Outros serviços (1,1%, ou mais de 58 mil pessoas).
SUBUTILIZAÇÃO DA FORÇA DO TRABALHO
A taxa de subutilização ficou em 17,8% no trimestre findo em fevereiro deste ano, o que corresponde a uma alta de 0,5 ponto percentual (p.p) ante ao trimestre encerrado em novembro de 2023.
Ao todo, 20,6 milhões de pessoas formam a chamada população subutilizada da força de trabalho no Brasil. O resultado corresponde a uma alta de 3,4% (ou mais 675 mil pessoas) ante ao trimestre imediatamente anterior.
A população subutilizada é a soma de desempregados (8,5 milhões de pessoas), subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas (5,08 milhões de pessoas), e dos que compõem a chamada a força de trabalho potencial (7,018 milhões de pessoas – este último é conjunto de pessoas que não estavam ocupadas nem desocupadas, mas que possuíam potencial de migrar para a força de trabalho (os chamados desalentados e as pessoas que realizaram busca efetiva por trabalho, mas não se encontravam disponíveis para trabalhar na semana de referência).
No Brasil existem cerca de 3,6 milhões de brasileiros no país no desalento – pessoas que desistiram de procurar emprego por não acreditar que há oportunidade ou por outros motivos.
38,8 MILHÕES DE BRASILEIROS NA INFORMALIDADE
Em meio ao alto desemprego no país, a informalidade do trabalho corresponde a 38,7% da população ocupada no país (100,250 milhões de pessoas).
Ao todo, são 38,8 milhões de pessoas no país vivendo do trabalho informal, brasileiros que estão descalçados de direitos trabalhistas, que na sua maioria exercem atividades de trabalho de baixa qualidade e remunerações miseráveis.
RENDIMENTO
O rendimento real habitual de todos os trabalhos apresentou uma alta de 1,1% no trimestre findado em fevereiro deste ano frente ao trimestre anterior e chegou a R$ 3.110. No ano, o crescimento foi de 4,3%.
Já a massa de rendimento real habitual no trimestre ficou em R$ 307,3 bilhões, sendo um novo recorde da série histórica iniciada em 2012. O indicador cresceu 6,7% (mais R$ 19,3 bilhões) na comparação anual.