Número de trabalhadores sem carteira assinada é de 13,1 milhões. E, se virando por conta própria, estão 25,3 milhões de brasileiros, segundo dados do IBGE
A taxa de desemprego no país ficou em 8,4% no trimestre móvel de novembro de 2022 a janeiro de 2023, sendo um aumento em relação ao trimestre encerrado em dezembro do ano passado (7,9%), segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgados nesta sexta-feira (17) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ao todo, são 9 milhões de pessoas no país em busca de uma vaga de emprego.
Comparado com o trimestre imediatamente anterior, entre agosto e outubro, quando a taxa era de 8,3%, o IBGE considerou estabilidade na taxa de desemprego. Porém, essa estabilidade estaria ligada a uma “redução da procura por trabalho nos meses de novembro e dezembro de 2022 sobre o início de 2023”, explica a coordenadora da pesquisa, Adriana Beringuy, afirmando que, “pelo lado da geração de trabalho, o movimento já é de perda de ocupação”.
A Pnad Contínua constatou que o nível da ocupação no país, que é o porcentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar, caiu: saiu dos 57,4% no trimestre até outubro de 2022 para 56,7% no trimestre até janeiro de 2023.
Já a soma total do número de trabalhadores com e sem carteira, dos setores privado e público, e também trabalhadores por conta própria, informais, entre outros que formam a chamada população ocupada, foi de 98,6 milhões, representando uma redução de 1,0% (menos 1 milhão de pessoas) ante o trimestre ao trimestre até outubro de 2022.
São 13,1 milhões de trabalhadores sem carteira assinada no país e 25,3 milhões se viram por conta própria.
O trabalho informal representa 39% da população ocupada. Em número absolutos, são 38,5 milhões de pessoas obtendo sua subsistência de atividades de trabalho sem carteira assinada, trabalhos de PJs, vivendo dos famosos “bicos” com jornada de trabalho excessiva e renda miserável.
Já a taxa de subutilização da força de trabalho fechou em 18,7% da população ocupada. Ao todo, o contingente de desempregados, das pessoas subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas (5,4 milhões) e dos desalentados (4 milhões) – pessoas que desistiram de procurar emprego por não acreditar que há oportunidade ou por outros motivos-, chegou a 21,5 milhões de pessoas.
O avanço do desemprego é mais um sintoma negativo da taxa de juros da economia alta, em 13,75% ao ano, estabelecida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) em agosto de 2022 e mantido pelo colegiado em fevereiro deste ano. O Brasil segue sendo o país com a maior taxa de juros reais do mundo, encarecendo o crédito tanto para as empresas quanto para famílias, além de elevar as dívidas delas e do governo, que é obrigado a transferir dezenas de bilhões de reais todos os meses – via pagamento de juros – aos bancos, rentistas e outros especuladores da dívida pública, como destaca o economista Nilson Araújo de Souza.
“O país está há anos refém do rentismo, uma situação que impede os investimentos do Estado e, como consequência, também desestimula os investimentos privados”, declarou Nilson, em entrevista recente ao HP. “O que está na ordem do dia, como poucas vezes esteve, é a necessidade urgente de se romper essas amarras das políticas fiscais restritivas, reduzir os juros e retomar o rumo do crescimento e da melhoria da qualidade de vida da população. É isso o que o presidente Lula quer, e é isso o que o país necessita urgentemente”, disse o economista.