Nenhum representante dos outros poderes e nem mesmo o vice-presidente, Hamilton Mourão, compareceu ao ato
O desfile de blindados da Marinha organizado por Jair Bolsonaro e o ministro da Defesa, Braga Netto, que teria a finalidade de demonstrar força, teve efeito contrário. Mostrou isolamento e fraqueza do governo.
A cerimônia não contou com nenhum representante dos outros poderes da República. Nem Lira, presidente da Câmara, nem Fux, do Supremo, e nem o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), compareceram.
Pouquíssimos parlamentares, tirando o senador Flávio Bolsonaro, o “zero um”, estavam na rampa junto ao presidente e nem mesmo o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, compareceu. Ele não tinha nenhum compromisso fora da capital e despachava normalmente em Brasília.
Até o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (Progressistas-AL), manifestou publicamente a sua insatisfação com a iniciativa extemporânea do Planalto. O deputado chamou de “trágica coincidência”, o desfile ocorrer no mesmo dia da votação do voto impresso. Ele disse que chegou a tomar satisfação no Planalto. “No país polarizado, isso dá cabimento para que se especule algum tipo de pressão”, afirmou o parlamentar.
O isolamento a que Bolsonaro ficou reduzido neste episódio foi demonstrado até mesmo pela fala do líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), reconhecido pelas defesas que faz de Bolsonaro na Comissão Parlamentar de Inquérito do Senado. Ele afirmou, na abertura de audiência na CPI da Covid, que dividia as “preocupações” levantadas pelos senadores sobre o ato.
“Estamos em trincheiras distintas, mas somos do Parlamento brasileiro. Eu tenho uma história nesse Congresso Nacional, eu sou subscritor da Constituinte cidadã, eu aposto na democracia e no Estado Democrático de Direito. Quero compartilhar as preocupações de todos aqui que reverberaram, apenas, digamos, assim, querendo retirar os excessos das falas que foram feitas”, disse Bezerra.
Além da ausência de representantes dos demais poderes, de lideranças e de representantes de tribunais superiores – somente estava na rampa o ministro do Tribunal Superior do Trabalho, Ives Gandra Filho, que tem uma irmã empregada no governo – o público não compareceu em número significativo ao desfile. Do outro lado, na praça, apenas uma concentração diminuta de pessoas assistia a passagem dos blindados e pedia a intervenção militar.
o “desfile pastelão” revelou a face patética desse (des)governo sem rumo e seus auxiliares sabujos.