
Achou absurdo a Corte ter garantido a governadores e prefeitos o direito de proteger suas populações. Citou o inciso 5º da Constituição para defender o “direito de ir e vir”, certamente do vírus e, quem sabe, das pessoas
Bolsonaro não desiste de trabalhar em parceria com o coronavírus para aumentar o número de mortos por Covid-19 no país. Na manhã desta quinta-feira (29) ele atacou mais uma vez o Supremo Tribunal Federal (STF) pelo fato da Corte ter garantido a governadores e prefeitos o direito de proteger suas populações com as medidas contra a pandemia.
Ele queria que toda a população se infectasse o mais rapidamente possível. Defendeu essa insanidade várias vezes, em sua ideia fixa da obtenção da chamada “imunidade de rebanho”. “Quanto mais rápido todo mundo se infectar com essa gripezinha melhor”, repetia ele.
Mesmo alertado por ministros e técnicos de que essa ideia genocida poderia causar a morte de centenas de milhares de pessoas, Bolsonaro insistiu em tentar proibir que prefeitos e governadores agissem contra o vírus.
Montou um “gabinete das sombras”, chefiado por ele e entupido de charlatães, afastou dois ministros da Saúde, não aceitou nada que fosse científico e sabotou a compra das vacinas.
Não satisfeito, ele aglomerou, combateu o uso de máscaras e fez uma campanha sistemática contra a imunização em massa. Citou até o inciso 5º da Constituição para defender o “direito de ir e vir” do vírus e, quem sabe, das pessoas.
Mas, o capitão cloroquina não ficou só nesses absurdos. Ele insistiu também no uso de drogas ineficazes contra a Covid-19. Deixou que dezenas de pessoas morressem sem oxigênio no Amazonas. Mas, em sua opinião, quem cometeu crime foi o STF ao ser firme contra o vírus.
Ou seja, autorizar prefeitos e governadores a atacar o vírus, como fez o Supremo, para Bolsonaro, foi um crime. Matar pessoas com seu negacionismo, sua teimosia e sua estupidez era a coisa certa a fazer. Depois reclama quando associam-no à prática de genocídio.
Bolsonaro vinha repetindo Goebbels, ministro da propaganda Hitler, que dizia que “uma mentira repetida mil vezes vira verdade”. Por centenas de vezes ele mentiu que teria sido proibido de agir na pandemia.
O Supremo disse, num vídeo divulgado um dia antes, que essa mentira de Bolsonaro, de que foi proibido de atuar na pandemia, não viraria jamais uma verdade. O vídeo explicou que essa afirmação nunca passou de uma fakenews, de uma mentira. Que Bolsonaro tinha obrigações e não as cumpriu.
A Corte foi explícita ao demonstrar que ele [o presidente] ficou passeando de moto enquanto a população sofria – e segue sofrendo – na maior tragédia sanitária da história.
Por isso o mentiroso contumaz reagiu nervoso nesta quinta-feira. Ele atacou o STF porque foi desmascarado na véspera.
“Vou rebater logo mais a nota do Supremo Tribunal Federal de ontem dizendo que não tirou poderes meus. Isso é fakenews. Uma decisão que acho que é de março ou de abril, o Supremo decidiu que as medidas restritivas impostas por governadores e prefeitos não poderiam ser modificadas por mim”, afirmou Bolsonaro, insistindo na mentira.
Ainda bem que as medidas tomadas por prefeitos e governadores não foram modificadas por ele, caso contrário, certamente a tragédia seria ainda maior do que já foi.
Assista ao vídeo