O índice de desmatamento verificado em unidades de conservação federal, que estão sob a responsabilidade do governo Bolsonaro, aumentou 312% em maio deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. As florestas protegidas, são fiscalizadas pelo Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio), registraram 11.296 hectares de desmatamento, número bem superior ao de maio de 2020, quando 2.741 hectares de florestas foram perdidos.
O ICMBio é um dos órgãos que sofre com a tentativa de desmonte realizado pelo ministro do meio Ambiente, Ricardo Salles, investigado pela Polícia Federal por favorecer empresas que atuam no contrabando de madeira ilegal da Amazônia.
Os números se referem à devastação registrada especificamente em unidades de conservação. As informações sobre a atuação de madeireiros nas áreas de conservação foram atualizadas do Sistema de Detecção do Desmatamento na Amazônia Legal em Tempo Real (Deter), ferramenta do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) que fiscaliza ações de desmatamento.
O número acumulado também aponta que o País caminha para um novo recorde. Entre agosto de 2020 e maio de 2021, essas unidades somaram 33.820 hectares de mata devastada. É um volume 40% superior ao período entre agosto de 2019 e maio de 2020, de 24.165 hectares.
Esses aumentos revelam o avanço dos crimes sobre as unidades de conservação, que são as áreas da floresta que ainda abrigam a maior parte das madeiras nobres. A mesma situação ocorre nas terras indígenas.
As unidades de conservação correspondem a cerca de 18% da área continental e mais de 26% da zona costeira e marinha. No Brasil, existem 334 unidades de conservação federais. O ICMBio teve seu orçamento muito reduzido pelo governo Bolsonaro. Em 2014, ele contava com 1.851 servidores efetivos. Em 2019, eram 1.589. No mesmo período, o número de prestadores de serviços, terceirizados, caiu de 2.332 para 1.659. Atualmente, há mais de 1.300 cargos vagos. A tendência é de piora, pelas aposentadorias e a não autorização de concursos públicos.