O maior dos últimos dez anos, segundo o Imazon
O desmatamento da Amazônia no mês de abril foi o maior dos últimos dez anos, aponta o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).
O crescimento em relação ao mesmo mês de 2019 foi de 171%. Ao todo, foram desmatados 529km², uma área maior que a cidade de Porto Alegre. Em abril de 2019, 195 km² foram desmatados na região.
Com a crise do coronavírus, garimpeiros e madeireiros aproveitaram para avançar sobre terras indígenas, desmatar e montar madeireiras ilegais.
Dos 529km² desmatados, o Pará foi o estado que mais sofreu: 32%. O segundo estado mais atingido pelo desmatamento foi Mato Grosso, com 26%; o terceiro foi Rondônia, com 19%, seguido por Amazonas, com 18%, Roraima, 4%, e Acre, 1%.
De janeiro a abril, desmatamento aumentou 81% em relação a 2019. O desmatamento atingiu áreas de conservação ambiental e áreas indígenas.
Os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) também demonstram o avanço do desmatamento. Os alertas emitidos em abril de 2020 foram 63,75% superiores ao mesmo mês de 2019.
O SAD, do Imazon, é um dos sistemas mais usados para monitorar o desmatamento da Amazônia, juntamente ao Prodes e ao Deter, que são mantidos pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O SAD foi criado em 2008 para produzir alertas independentes sobre o desmatamento.
O Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) realizou, em abril, uma megaoperação para parar o garimpo ilegal na Amazônia. Nela, foram presos garimpeiros, queimados equipamentos, tratores, combustível e estruturas, como tendas e galpões.
A operação foi acompanhada pelo programa Fantástico, da TV Globo.
Poucos dias depois, o diretor de Proteção Ambiental do Ibama, Olivaldi Azevedo, foi demitido por Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente, por não conseguir impedir as operações.
Outros servidores que participaram da ação também foram exonerados.
Para a ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (Rede), “o governo Bolsonaro não tem nenhum compromisso com a Amazônia e o meio ambiente”. “O tamanho do seu desprezo está estampado no aumento revoltante do desmatamento da maior floresta tropical do mundo”, opinou a ex-ministra.
“Não basta um “conselho” da Amazônia, se não houver ação efetiva para combater os crimes ambientais na região. O governo precisa parar de fragilizar a fiscalização e suas reiteradas tentativas de alterar a legislação para proteger os criminosos”, comentou a ex-ministra.
“A situação é trágica e repulsiva. Não podemos permitir que a insensatez continue governando impunemente nosso país”, afirmou.