Na sexta-feira (15), a Petrobrás informou que ampliou o prazo para tentar se desfazer das refinarias Abreu Lima (Rnest), em Pernambuco, Presidente Getúlio Vargas, no Paraná; e Alberto Pasqualini (Refap), no Rio Grande do Sul, além de gasodutos e terminais
Na corrida para desmontar o patrimônio da Petrobrás, o governo Bolsonaro divulgou nesta sexta-feira (15) que estendeu prazos para que “investidores” se apresentem no processo de compra de três de suas refinarias da estatal, bem como dos ativos logísticos integrados a elas, como unidades de refino, oleodutos e terminais.
No final de junho, a direção da Petrobrás havia reiniciado os processos de venda da Refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco, Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), no Paraná, e Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), no Rio Grande do Sul, com prazo para que os potenciais compradores demonstrassem interesse no negócio até esta sexta.
Como não houve nenhuma manifestação de interesse, o governo agora trabalha com o prazo de até 29 de julho para que os compradores se apresentem e até 12 de agosto para assinar acordos de confidencialidade e declarações de conformidade.
O plano de desinvestimento em refino da Petrobrás representa, aproximadamente, 50% da capacidade de refino nacional, totalizando 1,1 milhão de barris por dia de petróleo processado.
De acordo com a Petrobrás, a Refinaria Abreu é Lima “é a mais moderna refinaria que já construímos e já contribui para atendermos a demanda nacional por derivados de petróleo. Dentre todas as refinarias brasileiras, A RNEST apresenta a maior taxa de conversão de petróleo cru em diesel (70%), combustível essencial para a circulação de produtos e riquezas do país”.
A refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar) é responsável por aproximadamente 12% da produção nacional de derivados de petróleo. Seus produtos atendem principalmente os mercados do Paraná, Santa Catarina, sul de São Paulo e do Mato Grosso do Sul.
A Refinaria Alberto Pasqualini processa 32 mil m³/dia e atende principalmente ao mercado regional, com foco na maximização da produção de óleo diesel.
É esse patrimônio que Bolsonaro quer entregar para os estrangeiros.
Com o Brasil precisando avançar no refino para nos tirar do quadro de dependência do mercado mundial, cada vez mais instável, o governo se desfaz de suas refinarias, entregando o refino ao capital especulativo estrangeiro, como no caso da refinaria Landulpho Alves (Rlam) da Petrobrás, na Bahia, que foi comprada pela Acelen – pertencente ao fundo árabe Mubadala Capital, que hoje vende o combustível mais caro do Brasil, como aponta o economista do Observatório Social da Petrobras (OSP), Eric Gil Dantas.
“A Refinaria Mataripe [antiga Rlam] está sob operação da Acelen desde dezembro do ano passado. Essa refinaria, quando era de propriedade da Petrobrás vendia gasolina em média 2 centavos mais barato do que as outras refinarias da estatal e o diesel em média 3 centavos mais barato (dados de 01/08/2019 até 29/09/2021). Após a privatização, a refinaria passou a ter preços bem mais elevados do que todas as outras, transformando-se na refinaria mais cara do país”, escreveu Dantas em seu recente artigo Efeito da Privatização de Refinarias da Petrobrás nos Preços Dos Combustíveis: Dois Cenários Possíveis”.
“A exceção de 13 dias ao longo de 2022, Mataripe sempre teve preços mais elevados do que a Petrobrás. Em média, ao longo do ano de 2022 a Acelen cobrou 8% a mais pela gasolina do que a estatal. Isto ocorre mais ou menos igual para o diesel. Em apenas 22 dias do ano a Acelen vendeu diesel abaixo do preço da Petrobrás. Na média, a Acelen vendeu diesel 6,7% mais caro do que a Petrobrás”, denunciou o economista que também é do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais (IBEPS).
O governo Bolsonaro privatizou também às refinarias Isaac Sabá, no Amazonas, para o grupo Atem; Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste (Lubnor), para Grepar Participações; e a Unidade de Industrialização do Xisto (SIX), no Paraná, para a canadense Forbes & Manhattan Resources Inc.