A Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo realizou um debate, na tarde de sexta-feira (12), sobre a situação dos trabalhadores da Avibras, que estão em greve há cerca de oito meses. A Avibras Indústria Aeroespacial é uma empresa brasileira de mais de 60 anos, que constrói aeronaves, desenvolve e fabrica veículos espaciais para fins civis e militares, além de mísseis e foguetes balísticos e que possui cerca de 1.400 trabalhadores.
A atividade foi presidida pelo deputado Guilherme Cortez (PSOL), que convocou o evento e se solidarizou com a luta dos funcionários da empresa, destacando a importância da manutenção da Avibras no país e sob o comando de brasileiros. “Enquanto a gente precisar de indústrias bélicas, é um absurdo que uma produção estratégica para o nosso país, como a da Avibras, possa sair do controle nacional e ser vendida ao capital estrangeiro. Isso é um atentado à soberania do país”, afirmou Cortez.
Fundada por um grupo de engenheiros do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), a Avibras é conhecida por desenvolver tecnologias inovadoras em sistemas de artilharia, incluindo o AV-LMU, blindado com múltiplas barragens para lançamento de foguetes, e o ASTROS II, um sistema de foguetes e mísseis que é considerado um dos mais avançados do mundo. A empresa também desenvolveu uma variedade de mísseis guiados, incluindo o míssil AV-TM300, que é capaz de atingir alvos aéreos e terrestres e possui alcance de 300 km, segundo a empresa.
Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região, os trabalhadores da Avibras já estão há 14 meses mobilizados e em negociações com a empresa. Em março de 2022, cerca de 420 funcionários foram demitidos em um momento de reestruturação organizacional da empresa, segundo a própria Avibras. Pouco mais de um mês depois, ela reintegrou esses mesmos trabalhadores.
Desta vez, as demandas levantadas pelo sindicato são relacionadas, principalmente, ao não pagamento de salários. Segundo Weller Gonçalves, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, os atrasos já estão entrando no oitavo mês. “Estamos num processo de luta cotidiana e hoje é mais um dia de luta do sindicato, junto com os trabalhadores. Estamos em um movimento constante de luta, porque achamos que é só chamando atenção que é possível obtermos alguma vitória”, disse.
Destacando a importância para manutenção dos postos de trabalho e seu papel estratégico como indústria da defesa, as instituições presentes pedem que a Avibras não seja fechada, nem vendida a grupos estrangeiros, que os empregos dos atuais funcionários sejam mantidos e que a empresa seja estatizada. A empresa responde por 25% do mercado mundial entre os itens que produz, que incluem mísseis, lançadores de foguetes, veículos blindados, bombas inteligentes, sistemas de comunicação por satélite e veículos aéreos não tripulados (Vant). A empresa está em recuperação judicial pela segunda vez.