DENOY DE OLIVEIRA
Gosto do humor da TV Pirata, que além de situações e “gags” incríveis, tem um dado que toca na minha emoção: seus atores.
Mas, justo pelo pique do programa, é inaceitável sua desatualização no tocante aos filmes de curta. O curta metragem tem vários inimigos, porque é o David que pode afundar as têmporas da “internacional” imagem que domina as nossas telas. O curta metragem tem uma produção, à disposição dos srs. exibidores, da melhor qualidade.
Até sou crítico dos meus amigos do curta, porque no afã de ganharem o mercado, estão abandonando certos experimentos e o documentário. Se os exibidores não lançam esses curtas, é por ganância e malícia. Eles se irritam com o espaço que o curta está tomando aos comerciais, trailers e outras jogadas que antecedem o programa principal dos filmes estrangeiros. E se o CONCINE obrigar a cumprir a Lei e a Fundação do Cinema Brasileiro distribuir a grana dos prêmios acumulados com toda a urgência, tenho certeza que essas gozações piradas da TV não atingirão o CB, porque nas telas o curta vai responder na maior. Como já vem respondendo, filmando apesar de toda a crise que assola o País.
Porque cineasta é peitudo mesmo. Cineasta não joga tutu no Open, que a gente não tá a fim de engordar tubarão. Cineasta faz filme. Só o Chiquinho (Francisco César Fº) produz dois documentários neste momento: “Rota ABC”, a partir de uma cena do “São Paulo S.A.”, do Person, que em 65 vaticinava: “Isso vai ser o futuro do País”. Vinte e quatro anos depois, Chiquinho visita o ABC para registrar esse povo do futuro. Em “Hip-Hop-SP” Chiquinho documenta a música urbana da juventude negra de SP.
E tem mais: Eliane Caffé, depois do “O Nariz” (premiado na Jornada da Bahia e em Obenhausen/Alemanha), finalizando “Arabesco”, incursão nos sombrios porões da mente humana. E Mirela Martinelli, retomando a montagem de “Chuá”, interrompido enquanto fazia um documentário para o Instituto Cultural Itaú sobre o “Pós- Moderno”.
Isso assim de carteirinha. Fora o que acontece no Rio, na Bahia, Minas, Pernambuco, Porto Alegre, um dos pólos mais quentes do Cinema Brasileiro.
Dessa vez enganaram os “piratas da TV”. O curta que eles gozaram é de priscas eras e não condiz com a produção atual do nosso cinema. Qualquer dúvida é só perguntar pro Ney Latorraca, Carla Camurati, Marieta Severo, etc.
Mas que tava engraçado, tava.