Centenas de donos e representantes de pequenas e médias empresas argentinas (pymes pela sigla) se concentraram na frente do Congresso, em Buenos Aires, para exigir “medidas urgentes” que detenham a sangria que faz com que cerca de 25 pymes de todo o país tenham que fechar a cada dia. “Disseram que no Ministério de Produção poriam uma sala de primeiros auxílios para as pymes, mas o que puseram é uma sala de velórios”, ironizou Eduardo Fernández, diretor da Assembleia de Pequenos e Médios Empresários (Apyme). E para demonstrá-lo frisou: “As medidas que se tomam não tem como objetivo a produção nacional e continuam essas taxas de juros que são as mais altas do mundo”.
Antes da desvalorização do peso e do início da recessão que o país sofre pela política de Mauricio Macri, “a taxa de mortalidade das pymes era de 10 cada 24 horas”; porém “hoje a cifra escalou de maneira dramática: fecham suas portas 25 empresas cada dia”, assinalaram através de comunicado conjunto oito entidades que agrupam pequenas e médias empresas de todo o país e mais de 20 câmaras do setor.
Os empresários que se concentraram frente ao Congresso se mobilizaram depois até o anexo da Câmara de Deputados onde apresentaram aos legisladores uma série de propostas para sair da crise. “Solicitamos medidas que o parlamento pode tomar e construir as maiorias necessárias” para tirar o setor da crise. Melhores taxas de juros para financiamento, eliminação de impostos e “uma administração inteligente do comércio exterior” são algumas dessas iniciativas.
“Pedimos algo mais que declarações e diagnósticos”, porque os tempos da suposta recuperação económica que estima o governo nacional “não condizem com os tempos reais para pagar salários, cobrir impostos e pagar alugueis”, disse Eduardo Fernández.
O empresário avaliou que são cerca de 900 mil as indústrias, lojas, prestadores de serviços, produtores agropecuários e regionais que compõem o setor das pymes. E todas estão atingidas pelas medidas devastadoras do governo de Mauricio Macri.
O Banco Central argentino já elevou os juros para 72,8% (acima dos venezuelanos). A dívida pública, segundo o FMI (Fundo Monetário Internacional), deverá fechar em 70% do PIB em 2018, com uma queda gradual até 56% em 2021. Isso sem contar a inflação, que o FMI estima que fique em 40,5% neste ano e em 23% no ano que vem. O peso se desvalorizou mais de 50% em relação ao dólar em 2018.