Dez anos após o Crash: banqueiros impunes lucraram meio trilhão de dólares

"Wall Street sequestrou nossa economia", "Façam os bancos Pagarem", cartazes contra os responsáveis pelo Crash de 2008. (Jens Schott Knudsen)

No décimo aniversário do crash de 2008, a entidade norte-americana Public Citizen divulgou estudo em que denuncia que os cinco maiores bancos de Wall Street – JP Morgan Chase, Bank of America, Citibank, Wells Fargo e Goldman Sachs – acumularam lucros combinados de US$ 583 bilhões desde então, depois de terem sido resgatados pelo Federal Reserve, após terem lançado o planeta na maior crise econômica desde a Depressão da Década de 1930 com a especulação desenfreada. “Sem prisão para executivos e meio trilhão em lucros pós-crise”, denunciou Robert Weissman, presidente da Public Citizen, “os grandes bancos safaram-se como bandidos no pós-crash”.

Conforme o estudo, que usa os dados fornecidos pelos bancos à Comissão de Valores Mobilários norte-americana, desde o crash o JP Morgan Chase abocanhou US$ 188,2 bilhões; o Bank of América, US$ 81,9 bilhões; o Citibank, US$ 68,8 bilhões; o Wells Fargo, US$ 174,0 bilhões; e o Goldman Sachs, US$ 70,2 bilhões.

A senadora Elizabeth Warren, que sempre tentou botar focinheira nos bancos grandes demais para falir, por ocasião da data assinalou que era preciso fazer os banqueiros que violam a lei trocar seu traje de gala “por macacões laranja” nos presídios. O que não faltava eram provas das fraudes dos bancos com derivativos e hipotecas, mas Obama não prendeu ninguém e inclusive adotou uma nova jurisprudência para bancar o liberou-geral. Depois do bailout, veio o ‘quantitative easing’, o dinheiro ultrabarato para especular, os juros reais negativos.

NOVA “BOLHA”

Graças ao Himalaia de dólares falsos impressos eletronicamente pelo Fed, e disponíveis apenas para os bancos e para a especulação – um simulacro de interbancário -, sem investir na economia real, o colapso foi detido mas não superado em suas causas e o décimo aniversário do crash ocorre em meio a repetidos alarmes de que a próxima – e pior – crise está às portas, e com uma bolha de tudo fermentando em Wall Street, em paralelo com uma concentração de riqueza sem precedentes, multiplicação do endividamento e guerras cambiais e comerciais.

Foi no dia 15 de setembro de 2008 que tudo explodiu, a partir da bancarrota do Lehman Brothers, com a recusa do Fed de resgatá-lo, marcando a eclosão da mais devastadora crise econômica desde a Grande Depressão da Década de 1930. E que levou de roldão a empáfia, pós-queda da União Soviética, dos apologistas do neoliberalismo e da vitória final do capitalismo, dos “mercados eficientes” e da metástase da especulação como solução final para a humanidade.

O sistema financeiro já vinha quebrando desde 2007, como testemunhou o ex-presidente do BC Europeu, Jean-Claude Trichet. Nos idos de setembro/outubro, o mundo presenciou bancos gigantescos indo ao chão, a maior seguradora do mundo quebrar, o interbancário parou no mundo inteiro e a maior montadora norte-americana faliu, enquanto o desemprego voltou numa escala que parecia inimaginável desde 1930. Em 2010, a crise ressurge na Europa, com a Grécia como mais evidente vítima, e novas convocações da plutocracia para subtração de direitos e arrocho salarial. Desde 2014, está batendo em cima dos países periféricos, mas a bomba-relógio continua tic-taqueando é mesmo em Washington.

 A.P.

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