O governo do Distrito Federal, de Rodrigo Rollemberg (PSB), recuou e afirmou que vai “avaliar a possibilidade” de oferecer almoço na escola Classe 8, onde uma criança de oito anos desmaiou por passar fome. Antes da repercussão, na tarde de quinta (16), a Secretaria de Educação havia dito, em nota, que “lamentava” o caso do aluno.
Segundo aquele comunicado, não havia possibilidade de dar almoço aos alunos porque não há ensino integral na unidade – em vez disso, a escola oferta um lanche no meio da tarde.
O garoto faz parte de um grupo de alunos que precisa percorrer cerca de 30 quilômetros de casa até a Escola Classe 8. Eles moram no Paranoá Parque, um conjunto do Minha Casa, Minha Vida onde aproximadamente outras 200 crianças residem. Elas são transportadas para a unidade no Cruzeiro em um transporte escolar do governo, e muitas fazem o trajeto sem se alimentar.
A direção da escola frisa que os alunos do Paranoá foram recebidos de braços abertos pelos profissionais da escola, mas que a dificuldade financeira se impôs à vontade de fazer mais pelas crianças. “Com o devido respeito, esclarecemos aqui que levamos nosso trabalho muito a sério e sabemos quais são nossos limites. Se não fizemos mais, certamente foi por escassez de recursos, não por falta de comprometimento ou por desinteresse”, ressaltou.
“A barriga dói e chega até encolher”, contou um estudante de 9 anos que também alegou se sentir fraco em alguns dias da semana na escola. Relatos como esse são comuns na sala de aula da professora Ana Karolline. “Pelo menos quatro estudantes sempre reclamam de estar com fome. Eu pego umas frutas na cantina para tentar enganar o estômago”, explica a professora. “Uma vez um aluno me disse que não tinha almoço em casa, mas ele não podia me contar isso porque se não ia apanhar dos pais. O que a gente faz?”, questionou.