O feriado nacional em homenagem a Martin Luther King, na segunda-feira (15) mobilizou este ano milhares em repúdio ao racismo na Sétima Avenida, em Nova Iorque. Durante a manifestação foram rechaçadas as recentes declarações do presidente Donald Trump, que ao falar dos países africanos, do Haiti e El Salvador indagou o “por que temos todas essas pessoas de países que são um buraco de merda vindo aqui?”
Luther King liderou e venceu a heroica luta durante os anos 1960 contra o regime de segregação racial nos Estados Unidos que impedia os negros de votar e de frequentar as escolas e universidades dos brancos, além do apartheid nos transportes públicos. Em 1964 ele recebeu o Nobel da Paz; foi perseguido e espionado permanentemente pelo FBI, do qual recebeu uma carta sugerindo que cometesse o suicídio.
Luther King foi assassinado em 4 de abril de 1968 na cidade de Memphis, Tennessee. Na época ele fazia oposição à guerra de agressão dos EUA no Vietnã.
Em 1986 foi estabelecido o feriado nacional nos Estados Unidos para homenagear Martin Luther King, sempre na terceira segunda-feira do mês de janeiro, data próxima ao seu aniversário. Só a partir de 1993 o feriado foi cumprido em todos os estados do país.
Este ano, o protesto foi realizado durante a tarde e sob título de “Marcha contra o Racismo” (Rally Against Racism). A multidão se estendeu por mais de dois quarteirões, onde os manifestantes empunhavam dezenas de bandeiras haitianas e de outros países em oposição a insultuosa afirmação de Trump.
“Nós precisamos falar a verdade hoje. Ele é racista. É isso mesmo”, afirmou Corey Johnson, presidente do conselho da cidade, ao falar sobre Trump. “Toda vez que ele afirma esse tipo de coisa é para nos abater. Mas veja quantas pessoas estão aqui enfrentando o frio nessa manifestação”.
“É absolutamente importante nossa manifestação nesse dia de Martin Luther King, especialmente depois do que o Trump disse”, afirmou o haitiano Yves Georges (51), que há 30 anos reside no bairro Queens Village. “Precisamos combater racistas como Donald Trump”.
Os imigrantes do Haiti e das nações africanas “merecem respeito do presidente”, disse o conselheiro municipal, Mathieu Eugene, que é haitiano. Ao saldar a multidão, Eugene afirmou que “é importante nos juntarmos em manifestação para condenar as palavras do presidente”.
Também participaram da manifestação diversos congressistas eleitos, como os deputados Jerrold Nadler e Hakeem Jeffries, ou a vice-governadora de Nova Iorque, Kathy Hochul que também se pronunciaram contra as ofensas de Trump. Durante sua intervenção, o prefeito, Bill de Blasio, agradeceu a população imigrante por “tornar os EUA mais fortes e melhores”.
GABRIEL CRUZ