
Representantes de idosos, grupos sociais, de direitos humanos, sindicatos e estudantes protestaram contra o desgoverno argentino e exigiram aprovação de aumento para enfrentar inflação
Milhares de aposentados e pensionistas argentinos voltaram às ruas de Buenos Aires nesta quarta-feira (2) para exigir que o Senado tome providências e aprove o projeto de lei que aumenta as aposentadorias para 7,2%, reivindicação que consideram imprenscindível devido ao alto custo de vida no país e às medidas econômicas de arrocho adotadas por Javier Milei.
De forma unitária, representantes de idosos, grupos sociais, de direitos humanos, sindicatos e estudantes – com o apoio de torcedores de futebol – se somaram mais uma vez na Praça do Congresso para exigir que o governo aumente os benefícios mínimos da aposentadoria e o bônus de $ 70.000 (R$ 315) concedido pela Administração Nacional de Seguridade Social (Anses). A agência anunciou recentemente que, apesar da inflação, não reajustará em nada as aposentadorias, exacerbando o arrocho.
Os manifestantes lançaram a “Campanha Um Milhão de Assinaturas pelos Aposentados”, além da mobilização por uma série de reivindicações pontuais em defesa das aposentadorias e pensionistas. Além do aumento dos valores, também reivindicam o imediato restabelecimento da gratuidade dos medicamentos e o atendimento integral do Programa de Atenção Médico Integram (Pami) e das instituições de previdência social.
“Eles cortaram tudo e é um caos, mas o principal é o dinheiro que gastam em operações policiais e nos negam um aumento irrisório. O mesmo acontece com o hospital Garrahan [de grande prestígio], que não quer pagar os médicos residentes. Há dinheiro para repressão e forças policiais. Agora, para aposentados, trabalhadores e crianças, parece que não há nenhum”, protestou um manifestante à C5N.
As manifestações se multiplicaram em frente ao Congresso, condenando o descaminho da administração Milei. “Estamos mal. Por aqui aumentam os serviços, a água e os medicamentos, menos os salários. É uma vergonha”, condenou outro.
“FIM DA BARBÁRIE FASCISTA E RACISTA DO GOVERNO MILEI”
Solidárias, as organizações de Direitos Humanos divulgaram um comunicado “em favor de aposentadorias e pensões dignas” e por “respeito aos idosos que foram e são aqueles que nos precederam na construção da Nação Argentina”. Eles também reivindicaram “o fim da barbárie fascista e racista do governo Milei”.
A mesa é composta pelas Mães da Linha Fundadora; a Assembleia Permanente de Direitos Humanos; a Liga Argentina de Direitos Humanos; a Comissão Memória, Verdade e Justiça da zona norte; e várias outras entidades como a Central dos Trabalhadores da Argentina (CTA), a Associação dos Trabalhadores do Estado (ATE) e a União de Trabalhadores e Trabalhadoras da Economia Popular (UTEP).
“A posição das Mães é estar sempre presentes ao lado daqueles que defendem seus direitos e causas justas, sem preconceitos, desde exigir a liberdade de Cristina Krchner até defender aposentados e todos os afetados pelas políticas de Milei e do Fundo Monetário Internacional”, enfatizou o grupo de direitos humanos.
AGRESSÃO POLICIAL
Esta manifestação, como outras recentes, foi agredida por uma operação policial liderada pela ministra da Segurança, Patricia Bullrich. Diante da abrupta repressão, as organizações anunciaram que na próxima quarta-feira (9), voltarão às ruas com ainda mais determinação para reiterar suas bandeiras de luta contra o descaminho neoliberal.
O Comitê Nacional para a Prevenção da Tortura, destacado após as tensões para supervisionar os procedimentos das forças de segurança, reiterou que “todas as ações das forças de segurança devem obedecer às normas nacionais e internacionais de direitos humanos”. “É dever do Estado garantir e proteger o direito ao protesto social”, sublinhou o comitê.