“Temos queda nos dados de emprego e produção, que indicam um movimento preocupante da indústria, que tem perdido o ânimo, principalmente pelas dificuldades impostas pelos altos juros”, avalia Marcelo Azevedo, gerente de Análise Econômica da CNI
Desaceleração na atividade industrial, queda no emprego e estoques elevados determinaram os resultados da pesquisa Sondagem Industrial de abril, divulgada nesta quinta-feira (17) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
De acordo com a entidade, o índice de evolução da produção ficou em 42,6 pontos – 2,2 pontos inferior à média para os meses de abril. O indicador varia de zero a 100, e quando abaixo da linha dos 50 pontos, indica queda.
Além da produção, o emprego industrial registrou queda de 1,5 ponto em relação a março, atingindo 48 pontos no índice da Sondagem. “O indicador se mantém abaixo da linha de corte desde outubro de 2022, o que mostra que há seis meses o emprego não cresce de forma disseminada na indústria”, afirma a entidade em nota.
Estoques acima do planejado nos últimos três meses e a Utilização da Capacidade Instalada em 67% (2 pontos percentuais abaixo de março) completam o cenário, que segundo a CNI representam “sinais de desaquecimentos que perduram por todo este ano”.
“Os estoques aumentaram pelo terceiro mês consecutivo e a utilização da capacidade instalada recuou. Temos queda nos dados de emprego e produção, que indicam um movimento preocupante da indústria, que tem perdido o ânimo, principalmente pelas dificuldades impostas pelos altos juros”, avalia Marcelo Azevedo, gerente de Análise Econômica da CNI.
A Selic (taxa básica de juros) a 13,75% ao ano tem sido alvo de duras críticas do setor industrial, que não vê possibilidade de crescimento nesta conjuntura. Diante disso, a intenção de investimento dos empresários industriais recuou 0,7 ponto em abril, alcançando 52,9 pontos – o patamar mais baixo desde agosto de 2020.
“A Selic em 13,75% ao ano está em um nível que restringe excessivamente a atividade econômica. É mais do que suficiente para garantir a manutenção da trajetória de desaceleração da inflação nos próximos meses. E, volto a dizer o que disse no Senado há poucos dias: as empresas estão tomando crédito a mais de 30% e o setor produtivo não aguenta pagar esse nível de juros”, afirmou Robson Andrade, presidente da entidade, em nota de oficial após a decisão do Banco Central (BC) de manter a taxa ao maior nível do mundo.