Diretor da Abin e ajudante de ordens de Bolsonaro na mira da CPI

Ex-diretor da Abin, Alexandre Ramagem, aliado próximo da família Bolsonaro Foto: Marcos Oliveira - Marcos Oliveira
Requerimentos com este objetivo podem ser votados nesta quinta-feira (15). Assim, as investigações empreendidas pela CPI se aproximam dos círculos mais próximos do presidente da República

A CPI da Covid-19 no Senado pode votar nesta quinta-feira (15), última reunião da comissão antes do recesso parlamentar (18 a 31 de julho), a convocação do diretor-geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), Alexandre Ramagem.

Os senadores querem apurar dois pontos: as suspeitas de que o órgão teria atuado para interferir nos trabalhos da comissão e a insinuação do presidente Jair Bolsonaro de que o coronavírus teria sido criado pela China como arma de suposta “guerra química”.

Essa narrativa faz parte da chamada “guerra ideológica” que o presidente da República empreende e os colaboradores mais próximos dele, e os seguidores dele também, desde que tomou posse no cargo, em 1º de janeiro de 2019.

Ramagem é alvo de três requerimentos de convocação, dois assinados pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e outro por Tasso Jereissati (PSDB-CE).

Segundo Randolfe, a Abin foi usada “como instrumento de intimidação dos membros” da CPI. Uma mensagem encaminhada em maio a agentes de inteligência determinava uma “compilação de dados” sobre “irregularidades relacionadas à pandemia” em “âmbito estadual e municipal”.

ABIN

No segundo requerimento, Randolfe destaca que a Abin negou o envio de documentos requisitados em junho pela comissão.

O senador Tasso Jereissati quer que Ramagem explique declaração feita em maio por Jair Bolsonaro. Na ocasião, o presidente da República insinuou que a China pode ter criado o coronavírus em laboratório como arma para “guerra química”.

“Trata-se de gravíssima revelação com implicações nas relações internacionais e de enormes repercussões inclusive na paz mundial. Sendo a Abin a fonte primeira de informações ao presidente da República, faz-se necessária a convocação do diretor-geral para que compartilhe, ainda que de forma sigilosa, as informações obtidas”, argumenta no requerimento para convocação ou convite Jereissati.

AJUDANTE DE ORDENS

A CPI pode votar ainda a convocação de ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o capitão de corveta da Marinha Jonathas Diniz Vieira Coelho.

Ele trocou mensagens com o deputado Luis Miranda (DEM-DF) sobre o contrato do Ministério da Saúde com a Precisa Medicamentos para a aquisição da vacina Covaxin. O requerimento é do senador Randolfe Rodrigues.

Os senadores também podem decidir sobre a convocação de Adolfo Sachsida, secretário de Política Econômica do Ministério da Economia. Em novembro de 2020, Sachsida afirmou que considerava “baixíssima a probabilidade de uma nova onda de coronavírus no País”.

Segundo ele, a chamada “imunidade de rebanho” já estaria sendo alcançada no país e haveria pouca chance de nova escalada da pandemia.

VOOS

O presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), apresentou requerimentos para que as empresas aéreas Latam, Azul e Gol informem os registros de voos realizados pelo deputado estadual Fausto Júnior (PRTB-AM) e familiares dele no trecho Manaus — São Paulo — Manaus nos últimos dois anos.

Fausto Júnior foi relator da CPI da Saúde da Assembleia Legislativa, ele depôs à CPI da Covid-19 e foi criticado por não ter indiciado o governador Wilson Lima (PSC) pelo caos provocado pelo coronavírus no Estado.

Com informações da Agência Senado

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