Diretor da PF defende mais controle para evitar desvio de armas de CACs para o crime

Diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues (Foto: Tom Costa - MJSP)

O governo de Bolsonaro liberou compra de armas, resultando em um crescimento de 665% no número de registros CAC entre 2018 e 2022, período em que aumentou casos de desvio de armas em 68%

O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, afirmou que a corporação vai “aumentar o rigor” na concessão de registros CAC (Colecionador, Atirador e Caçador) para impedir que armas de fogo sejam desviadas para o crime organizado.

Na terça-feira (1º), a responsabilidade por essas questões passou do Exército para a Polícia Federal. Rodrigues avalia que, pela própria natureza da PF, a concessão e a fiscalização podem ser feitas de forma a impedir crimes.

Em entrevista ao podcast O Assunto, do g1, Andrei Rodrigues declarou que “aumentaremos o rigor no controle. Temos mais de 1,5 milhão de armas cadastradas, 970 mil CACs registrados no sistema do Exército, que agora migraram para o nosso sistema”.

“Até pela natureza de nossa atividade policial, isso vai nos permitir ter o maior controle para a concessão de registros, portes de arma, guias de trânsito, todos os serviços que prestaremos”, continuou.

Segundo o diretor-geral da PF, um dos planos é realizar “uma grande depuração de todos esses dados, cruzando informações do BNMD, o Banco Nacional de Mandados de Prisão, permitindo que a gente possa fazer uma atuação mais eficiente, em razão da natureza de nossa instituição policial”.

“A partir desse melhor controle de acesso e da associação da nossa atividade de polícia judiciária de base de dados de informação com a base administrativa de armas e pessoas, tendemos a apresentar melhores controles, mais filtros e coibir que essas armas que deveriam ser lícitas não caiam na mão do crime organizado”, complementou.

Andrei contou que somente na transição da responsabilidade do Exército para a PF foram identificadas mais de 50 pessoas com registro CAC que tinham mandados de prisão em aberto. Todas foram presas.

A Polícia Federal vai atuar tanto na parte administrativa, como no registro e manutenção de base de dados, como em investigações. Pela forma como atua e por sua capilaridade em “quase 100 delegacias nas principais cidades do interior do país para o controle de armas, [a PF] vai potencializar a ação de polícia judiciária”.

Na avaliação do chefe da Polícia Federal, a corporação, “com mais dados, é capaz de descobrir a origem de uma arma ou munição utilizada em um crime”. O “volume de informações que o policial federal passa a ter acesso diretamente vai poder qualificar suas investigações”.

Andrei Rodrigues comentou que o governo federal já liberou a verba necessária para contratação de pessoal e aquisição de equipamentos que serão utilizados no trabalho relacionado aos CACs.

O governo de Jair Bolsonaro realizou políticas de afrouxamento da fiscalização e de maior liberação das armas, resultando em um crescimento de 665% no número de registros CAC entre 2018 e 2022.

O período da liberação coincide com o aumento de armas desviadas para o crime organizado. Entre 2018 e 2023, o número de casos de desvio de armas aumentou em 68%.

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