“Os responsáveis serão processados e punidos na forma da lei”, afirmou o delegado Andrei Passos. “Vimos que, de fato, há uma catarse, um surto coletivo” entre os bolsonaristas
O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Passos Rodrigues, afirmou que o ataque golpista do dia 8 de janeiro em Brasília foi “incitado, organizado e financiado em ambientes digitais” e que as redes sociais foram importantes para a conexão da extrema-direita.
Andrei Passos participou, na segunda-feira (13), de um evento na Fundação Getúlio Vargas (FGV), no Rio de Janeiro, sobre liberdade de expressão e democracia.
Na avaliação do chefe da PF, os ataques do dia 8 de janeiro “são ações que foram incitadas, organizadas e financiadas em ambientes digitais, que desencadearam uma verdadeira onda de ódio, crimes e violência no país”.
“Estão sendo investigadas, e os responsáveis serão processados e punidos na forma da lei”, afirmou.
Passos acompanhou as etapas da Operação Lesa Pátria, que tem investigado e prendido financiadores e organizadores da tentativa de golpe de estado.
“Vimos que, de fato, há uma catarse, um surto coletivo” entre os bolsonaristas. “As pessoas, não sei se ainda crêem estar no mundo virtual, mas não se dão conta de que estão no mundo real”, comentou.
“O mero fato de se transformar em multidão dota os indivíduos de uma espécie de alma coletiva. O fenômeno do empoderamento de grupos e reações de massa se consolidou em um ambiente projetado para alcançar simultaneamente infinitos consumidores de informações”.
“Aqui vemos o papel de algoritmo, da inteligência artificial que vai diretamente a determinada pessoa que, sei lá, é muito religioso, o outro que é contra o casamento gay, o outro que é contra não sei o quê, que não têm nenhuma relação entre si, mas vão encontrar um elo, um ponto de contato, e se transformar nessa alma coletiva extremamente danosa”, continuou.
Esse mecanismo utilizado pela extrema-direita foi desmascarado nos Estados Unidos, onde os eleitores eram atingidos por mensagens altamente personalizadas que o impactavam no sentido de convencê-lo a votar em Donald Trump. A empresa responsável pelo caso era a Cambridge Analytica, cujos líderes têm forte ligação com a família Bolsonaro.
“O discurso de ódio apela para o medo e o ressentimento. A plateia internaliza as mensagens e começa a seguir a lógica da alienação com uma escalada progressiva de selvageria como vimos em 6 de janeiro de 2021, nos Estados Unidos, e aqui no Brasil nos atos de selvageria que ocorreram em Brasília. Quando os atos praticados pela internet constituem crimes, o Estado deve agir”, afirmou o delegado Andrei Passos.