“É a única nova fronteira com perspectiva de substituir a produção que vem hoje do pré-sal”, afirmou Rodolfo Saboia, diretor-geral, em audiência pública no Senado
O diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis(ANP), Rodolfo Saboia, defendeu a exploração do petróleo na Margem Equatorial brasileira – uma nova fronteira com grande potencial para exploração e produção de petróleo e gás, que se estende do Oiapoque no Amapá ao extremo do litoral do Rio Grande do Norte.
A Margem Equatorial “é a única nova fronteira com perspectiva de substituir a produção que vem hoje do pré-sal”, disse o diretor-geral da ANP, na audiência pública realizada na terça-feira (3) pela Comissão de Serviços de Infraestrutura (CI) do Senado.
Autossuficiente em petróleo, o país exporta hoje um volume de 1,5 milhão de barris por dia, frente a um total de 3,5 milhões de barris produzidos em território nacional. Para Saboia, não explorar esses novos recursos condicionará o Brasil a retomar a dependência do petróleo estrangeiro.
“Será basicamente a escolha entre continuar exportando 1,5 milhão de barris ou voltarmos a sermos importadores se nada fizermos”. “É nesse sentido que a exploração da Margem Equatorial ganha relevância”, alertou Rodolfo Saboia.
Segundo o diretor da ANP, “suprimir a oferta” de petróleo, em prol do pensamento atual da transição energética, só vai resultar em uma elevação dos custos da energia, e quem sairá mais prejudicado são os “mais pobres”. Ele também destacou que a “visão romântica” sobre a transição energética caiu por terra após a guerra na Ucrânia, já que a segurança energética global demonstrou “complexidade” devido ao elevado nível de dependência que os países têm dos combustíveis fósseis.
“Havia uma visão romântica de que íamos passar dos combustíveis fósseis para os renováveis, e que isso ia ser suave, todos iriam ser felizes no dia seguinte”, disse. “Não vai ser nada disso. Vai ser uma transição cara. Não vai impactar somente a forma como a gente se locomove, vai impactar como a gente se alimenta, se veste, a nossa vida de maneiras inimagináveis”, alertou.
“Diferentemente de transições energéticas passadas, que foram movidas pela eficiência econômica, essa vai ser movida por um impulso ambiental. Requer a substituição de algo que é eficiente hoje, o combustível fóssil, por algo que não é, mas que não impacta o meio ambiente”, explicou Saboia, afirmando que não há uma “bala de prata” para substituir os combustíveis fósseis.
A atividade exploratória na Margem Equatorial tem sido foco de debate na sociedade brasileira após o Ibama negar o pedido de licenciamento ambiental para a Petrobrás, que busca realizar estudos de pesquisa de exploração de petróleo em um dos blocos situados na bacia do Amapá Águas Profundas, também chamada por Foz do Amazonas, região que recebeu prioridade pela estatal por ser mais próximo da Guiana, que já explora petróleo no seu lado da Margem Equatorial.
A Petrobrás possui seis blocos na bacia do Amapá Águas Profunda, incluindo o bloco FZA-M-59 que teve a licença negada, que está a cerca de 175 quilômetros da costa do Amapá, a mais de 500 km da foz do rio Amazonas e a 2.800 metros de profundidade – o que traz dificuldades significativas para o risco de uma possível contaminação do Amazonas, em caso de um vazamento de petróleo.
No entanto, na última semana, o Ibama liberou a licença ambiental que permite a Petrobrás perfurar poços em águas profundas na Bacia Potiguar, que também fica na Margem Equatorial brasileira – abrangendo porções marítimas entre os Estados do Rio Grande do Norte e do Ceará.
Segundo a direção da Petrobrás, a perfuração dos poços Pitú Oeste e Anhangá, localizados nos blocos de exploração BM-POT-17 e POT-M-762, está prevista para ser iniciada nas próximas semanas, após a chegada da sonda na locação.