Diretor-geral da OMS rebate manipulação bolsonarista

O diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS). Foto: AFP

O diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom, postou mensagem nas redes sociais desmentindo a falsificação grosseira das suas palavras, manipuladas por Bolsonaro e seu filho, Eduardo.  

Tedros rebateu reafirmando a necessidade de quarentena e medidas governamentais para ajudar economicamente as pessoas sem renda.

“Pessoas sem fonte de renda regular ou sem qualquer reserva financeira merecem políticas sociais que garantam a dignidade e permitam que elas cumpram as medidas de saúde pública para a Covid-19 recomendadas pelas autoridades nacionais de saúde e pela OMS.

Eu cresci pobre e entendo essa realidade. Convoco os países a desenvolverem políticas que forneçam proteção econômica às pessoas que não possam receber ou trabalhar devido à pandemia da Covid-19. Solidariedade”, disse Tedros, sem mencionar o nome de Bolsonaro.

Na terça-feira (31), Bolsonaro citou uma suposta fala do diretor da OMS, como se Tedros fosse contra as medidas de distanciamento social e fosse a favor de liberar para as ruas os trabalhadores informais e pessoas mais pobres.

Eduardo Bolsonaro editou uma fala de Tedros Adhanon e postou nas redes sociais. Veja a falsificação:

Eduardo só divulgou a primeira parte da fala

“Sou da África e sei que muita gente precisa trabalhar cada dia para ganhar o seu pão. E governos devem levar essa população em conta. Se estamos limitando os movimentos, o que vai acontecer com essas pessoas que precisam trabalhar diariamente? Cada país deve responder a essa questão… Precisamos também ver o que isso significa para o indivíduo na rua. Venho de uma família pobre e sei o que significa sempre preocupar-se com o pão de cada dia. E isso precisa ser levado em conta. Porque cada indivíduo importa. E temos que levar em conta como cada indivíduo é afetado por nossas ações. É isso que estamos dizendo.”

E suprimiu uma parte do que Tedros disse

“Entendemos que muitos países estão implementando medidas que restringem a movimentação das pessoas. Ao implementar essas medidas, é vital respeitar a dignidade e o bem estar de todos. É também importante que os governos mantenham a população informada sobre a duração prevista dessas medidas, e que dê suporte aos mais velhos, aos refugiados, e a outros grupos vulneráveis. Os governos precisam garantir o bem estar das pessoas que perderam a fonte de renda e que estão necessitando desesperadamente de alimentos, saneamento, e outros serviços essenciais. Os países devem trabalhar de mãos dadas com as comunidades para construir confiança e apoiar a resistência e a saúde mental”, declarou Tedros.

No domingo (29), Bolsonaro fez um passeio pelas ruas do Distrito Federal incitando os trabalhadores informais a se exporem à contaminação do coronavírus. E declarou que poderia fazer um decreto liberando várias categorias para trabalhar.

O governo não quer liberar ajuda para os informais. Bolsonaro propôs apenas uma ajuda de R$ 200. O Congresso elevou o valor e aprovou o apoio às famílias pobres de R$ 600 até R$ 1.200 contrariando o governo. Mas ainda não se sabe quando o governo vai liberar.

Segundo Bolsonaro, as pessoas vão morrer, mas o negócio é sair da quarentena.

 “Alguns vão morrer? Vão, ué, lamento. Essa é a vida”, disse ele em um programa de televisão dias atrás.

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