O presidente do Cidadania23, Roberto Freire, advertiu Bolsonaro que se ele praticar qualquer ato administrativo ilegal contra os governadores nordestinos pode sofrer impeachment.
“Que Bolsonaro saiba que enquanto for um boquirroto afrontando governadores que não rezam por sua cartilha isso não configura crime de responsabilidade, mas se praticar qualquer ato administrativo contra os Estados nordestinos há crime e o impeachment é uma possibilidade”, escreveu nas redes sociais o ex-deputado federal e ex-ministro da Cultura, em referência às declarações do atual ocupante do Palácio do Planalto na última segunda-feira (5).
Em entrevista para o jornal Estado de S. Paulo, Bolsonaro declarou que “só receberá verbas quem disser que está com o presidente”.
A declaração foi dirigida especialmente aos governadores do Nordeste que, segundo ele, fazem “politicalha”. “Não posso admitir que governadores como o do Maranhão [Flávio Dino (PCdoB)] e da Paraíba [João Azevedo (PSB] façam politicalha no tocante à minha pessoa”, prosseguiu.
“O que eu quero desses respectivos governadores: não vou negar nada para esses Estados, mas se eles quiserem realmente que isso tudo seja atendido, eles vão ter que falar que estão trabalhando com o presidente Jair Bolsonaro”, continuou.
Bolsonaro continua a insultar e provocar os representantes do povo nordestino. Ele começou há duas semanas, durante um café da manhã com representantes da imprensa estrangeira. Antes de iniciar o evento, ele falou para Onyx Lorenzoni (ministro da Casa Civil), sem saber que estava sendo gravado pela TV Brasil: “Daqueles governadores de ‘paraíba’, o pior é o do Maranhão. Não tem que ter nada para esse cara”.
Em discurso para cerca de 200 pessoas em Sobradinho (a 602 km de Salvador), na segunda-feira, Bolsonaro voltou a caluniar os governadores dizendo que eles querem dividir o Brasil. Disse que trabalha para “unir o país” e que “os governadores do Nordeste é que agem para dividir o Brasil”. “Para alguns governadores… é o Nordeste e o resto. Querem fazer disso aqui uma Cuba?”, prosseguiu.
Segundo reportagem do jornal Estado de S. Paulo, o governo reduziu drasticamente o volume de empréstimos da Caixa Econômica Federal (CEF) para a região Nordeste. O levantamento, feito com base nos números do próprio banco e do sistema do Tesouro Nacional, aponta que até julho, foram fechadas menos de dez operações para a região, que juntas totalizam R$ 89 milhões, ou cerca de 2,2% do total – volume muito menor do que em anos anteriores.
Em todo o país, o banco autorizou novos empréstimos no valor de R$ 4 bilhões para governadores e prefeitos até julho. No ano passado a região recebeu R$ 1,3 bilhão, o que equivale a 21,6% dos R$ 6 bilhões fechados pela Caixa em operações para governos regionais. Em 2017, o banco contratou R$ 7 bilhões, dos quais R$ 1,3 bilhão foi direcionado para governadores e prefeitos nordestinos, 18,6% do total.
O presidente da Caixa, Pedro Guimarães, orientou em mais de uma ocasião para que o banco não cedesse empréstimos para governadores e prefeitos do Nordeste. Ver aqui.
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