
EUA revogam visto de Alexandre de Moraes, familiares e aliados, e acusa ministro de perseguição política e censura. Bolsonaro alega ser vítima de arbitrariedades em meio às novas medidas restritivas impostas pela Corte
O governo dos EUA anunciou, na noite desta sexta-feira (18), a revogação do visto americano do ministro do STF, Alexandre de Moraes, dos familiares próximos, e de aliados políticos, com efeito imediato. Não está claro quem seriam os aliados citados.
Segundo o site UOL, as sanções seriam contra todos os ministros do STF —menos André Mendonça, Kassio Nunes Marques e Luiz Fux— e também contra o procurador-geral da República, Paulo Gonet.
Marco Rubio, secretário de Estado dos Estados Unidos, comunicou a determinação no perfil dele no X. Segundo Rubio, o governo dos EUA “responsabilizará estrangeiros responsáveis pela censura de liberdade de expressão protegida nos Estados Unidos”.
“A caça às bruxas política do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, contra Jair Bolsonaro criou um complexo de perseguição e censura tão abrangente que não apenas viola direitos básicos dos brasileiros, mas também se estende além das fronteiras do Brasil, atingindo os americanos”, escreveu o secretário.
O secretário Marco Rubio “deixou claro que seu governo responsabilizará estrangeiros responsáveis pela censura de expressão protegida nos Estados Unidos”, escreveu no X.
“Portanto, ordenei a revogação dos vistos de Moraes e seus aliados no tribunal, bem como de seus familiares próximos, com efeito imediato”, concluiu.
AFRONTA AO BRASIL
O anúncio do secretário ocorreu horas após o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ter sido alvo de 2 mandados de busca e apreensão realizados pela PF (Polícia Federal), na residência do ex-mandatário e na sede do PL (Partido Liberal), ambas em Brasília.
Por determinação de Moraes, Bolsonaro deve usar tornozeleira eletrônica, está proibido de falar com o filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está autoexilado nos EUA, e de usar redes sociais.
EDUARDO TRAMA CONTRA O BRASIL
Em entrevista à CNN, na noite desta sexta-feira, o deputado licenciado disse que os Estados Unidos não reconhecerão as eleições do próximo ano sem a participação de Bolsonaro, que está inelegível até 2030 por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação para atacar o sistema eleitoral brasileiro.
A decisão do ministro Alexandre de Moraes considera que Bolsonaro e Eduardo estão “atuando em conjunto”, “nos atentados à soberania Nacional”.
O documento trata diretamente do tarifaço de 50% anunciado pelo presidente dos EUA, Donald Trump, sobre produtos brasileiros, que foi celebrado por Eduardo nas redes, o pai dele, aliados no Congresso, e governadores bolsonaristas. Principalmente o do Estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
São Paulo é o Estado do Brasil que mais sofrerá com as consequências das medidas anunciadas por Trump, no último dia 9.
REAÇÃO DO GOVERNO BRASILEIRO
O governo brasileiro reconheceu a necessidade de responder às medidas, mas busca solução diplomática, antes de adotar posição mais contundente.
O STF, por sua vez, demonstrou apoio a Moraes e reafirmou a importância da atuação dele no combate às desinformações e na proteção da democracia brasileira.
A situação pode evoluir para problema diplomático de maior envergadura, caso a sanção seja efetivamente implementada.
O prazo anunciado por Trump para as medidas econômicas restritivas pode entrar em vigor dia 1º de agosto.
A reação do governo brasileiro e a resposta do STF serão cruciais para determinar o rumo das relações entre ambos os países, cuja parceria histórica é mais vantajosa para os Estados Unidos, e o impacto no cenário político interno do Brasil.