
Mauro Vieira denuncia que restrições à delegação brasileira é afronta às leis internacionais. Sede da ONU não pode permanecer nos EUA sob regime de exceção
O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, criticou duramente nesta sexta-feira (19) o governo dos Estados Unidos pelas restrições “absurdas” de vistos impostas a representantes brasileiros durante a 80ª Assembleia Geral da ONU, que terá início na segunda-feira (22) e vai até quarta (24).
Mauro Vieira classificou as medidas como inaceitáveis. “São restrições que não têm cabimento, injustas, absurdas”, declarou Vieira, durante reunião com representantes da União Europeia. O chanceler brasileiro informou que seu governo já acionou o secretário-geral da ONU, António Guterres.
Os Estados Unidos revogaram também todos os vistos de palestinos, prejudicando a presença da delegação da Palestina na Assembleia. Uma assembleia que tem exatamente como um dos temas centrais a criação do Estado palestino. Pressões internacionais estão sendo feitas para que a delegação palestina possa participar.
Analistas avaliam que tais medidas tomadas pela Casa Branca ferem o compromisso dos EUA como país-sede e colocam em xeque a credibilidade da ONU como espaço de diálogo e cooperação internacional. O macartismo do governo Trump poderá inviabilizar que os EUA continuem sediando as Nações Unidas.
Entre os brasileiros afetados pela arbitrariedade de Washington está o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, que já anunciou, inclusive, que já não vai mais aos Estados Unidos. Embora tenha obtido visto para participar do encontro em Nova York, Padilha e sua família teriam sua circulação restrita a um raio de apenas cinco quarteirões entre o hotel e a sede da ONU. O ministro tinha compromissos de governo nos EUA.
Segundo o ministro de Relações Exteriores do Brasil, além de absurdas, as medidas representarem uma violação das regras diplomáticas internacionais. “Nós estamos relatando, e pedindo a interferência do secretário-geral [da ONU] junto ao país-sede [EUA], que é o procedimento”, explicou Vieira. “São restrições que não têm cabimento, injustas, absurdas”, declarou Vieira durante reunião com representantes da União Europeia.
A ditadura Trump está impondo restrições inéditas para delegações que têm direito legal de participar da ONU. Em agosto, o atual chefe da Casa Branca, que está implantando censura e perseguições políticas tanto dentro dos EUA, como a integrantes de delegações de outros governos, determinou a suspensão do visto da esposa e da filha de Padilha como forma de retaliação, já que não poderia atingir diretamente o ministro, cujo visto estava vencido.