Os professores das universidades federais aprovaram indicativo de greve para o próximo dia 15 de abril. A deliberação foi aprovada pelo Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN) e seguiu para avaliação dos sindicatos das instituições, que vêm referendando a decisão em assembleias locais.
Assembleias na Universidade de Brasília (UnB), Universidades Federais do Ceará, Espírito Santo, Sergipe, Juiz de Fora, Mato Grosso, Rio Grande do Norte, entre outras instituições, já aprovaram a greve, que se unifica com a dos funcionários técnico-administrativos, paralisados desde o dia 11.
De acordo com o Sindicato, a decisão dos professores federais é consequência da “falta de avanço nas tentativas de negociação com o governo” em relação às pautas centrais da categoria, como recomposição salarial e reestruturação da carreira. Desde o final do ano passado, o governo não avançou nas propostas de reposição salarial, mantendo o reajuste zero para 2024.
“Ninguém faz greve porque gosta ou por princípio, fazemos greve por necessidade e nas atuais circunstâncias, diante do que é o silêncio do governo federal, ao não nos colocar qualquer espécie de índice de recomposição da nossa remuneração para esse ano e uma fratura violenta com os princípios que erigem a luta histórica desse sindicato, sobretudo no que se refere a necessidade de termos a paridade do que são as conquistas dos trabalhadores e das trabalhadoras ativos e os aposentados e aposentadas”, afirmou o presidente do Andes-SN, Gustavo Seferian.
Para Eliene Novaes, presidente da Associação dos Docentes da Universidade de Brasília (ADUnB), que falou do descaso durante as negociações nos últimos meses e o impacto da defasagem salarial na vida dos docentes, a ausência de proposição de reajuste salarial para 2024 motivou a categoria à construção da greve. “Na última reunião de negociação que aconteceu em fevereiro o governo disse que ainda não tinha condição de dar nenhum aceno de reposição salarial para 2024, porque precisava do fechamento das contas para discutir a possibilidade na reposição, sem dizer valor e que isso só poderia ser debatido em maio”, declara.
“Todo esse caldo, toda essa pauta que nós estamos construindo, e que faz parte dos embates diretos que resvalam nas nossas pautas de locais, veio à tona nas assembleias e a base disse: ‘É greve!’. É greve do setor da Educação. É greve para lutarmos pelas nossas pautas centrais nacionalmente, e também nos nossos locais de trabalho. Por isso, é fundamental que esse mês de abril seja um mês de muita luta e de muita mobilização”, ressaltou Helga Martins, diretora do Andes-SN.
Gilson Ditzel, diretor-geral da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) ressalta que a categoria está reivindicando a recomposição da inflação de perdas salariais de governos anteriores e reconhece a legitimidade das reivindicações por melhorias nas condições de trabalho e reestruturação das carreiras dos cargos docente e técnico-administrativo. “Entendemos as pautas, que são legítimas e que são amparadas pelo direito de greve”, afirma.
O calendário definido pelos docentes prevê assembleias de base até o dia 9 de abril, com a deflagração da greve nacional no dia 15. A mobilização dos servidores da Educação reforça a pressão geral dos servidores contra o congelamento salarial e se soma a outros setores já em movimento de paralisação ou “operação-padrão”, como os auditores-fiscais do trabalho, auditores-fiscais agropecuários e funcionários do Ibama.