Dodge recusa acordo de colaboração com “ex-empresário padrão”

Eike Batista construiu seu "império" baseado em muita lábia e nas "relações" com autoridades em Brasília

A Procuradora Geral da República, Raquel Dodge, recusou a assinatura de acordo de colaboração premiada do empresário embusteiro Eike Batista. Ele é acusado de lavar US$ 16,5 milhões em um esquema de propinas para o ex-governador do Rio Sérgio Cabral (MDB) por meio de contratos fictícios.

As provas apresentadas por Eike foram consideradas insuficientes pela Procuradoria Geral da República (PGR). Raquel Dodge recebeu de seu antecessor, Rodrigo Janot, ao menos 14 propostas de colaboração premiada. Ela não fechou nenhum acordo. Na ocasião, representantes do órgão disseram que era natural uma pausa para que a nova equipe se inteirasse das investigações.

Eike chegou a ser preso, mas foi socorrido pelo “soltador” de milionários, o ministro Gilmar Mendes. Em abril de 2017, após quase três meses preso no Rio, Eike foi solto por ordem do ministro Gilmar Mendes. Ele passou a cumprir prisão domiciliar até que, em outubro, a Segunda Turma do Supremo, de novo com o voto de Mendes, o livrou também de ficar preso em casa. As medidas cautelares passaram para recolhimento domiciliar noturno, comparecimento periódico ao juízo, proibição de manter contato com outros investigados e apreensão do passaporte.

Eike, que em solenidade realizada na sede de uma de suas empresas, em 2012, no Norte Fluminense, foi considerado por Dilma Rousseff como um “empresário padrão” e um “orgulho para o Brasil como empresário”, recebeu bilhões de reais do BNDES e outros bancos públicos para financiamento de projetos fictícios. Suas empresas eram “pré-operacionais”, ou seja, não existiam. Elas só existiam no papel. E foram estas que receberam as benesses bilionárias do governo.

Entre 2004 e 2013, Eike Batista criou nada menos que 17 empresas para compor seu grupo EBX. Ele recebeu só do BNDES R$ 10,4 bilhões. Sua empresa petrolífera, a OGX, uma das mais aquinhoadas com dinheiro público, fechou sem produzir uma gota de petróleo. Assim como sua empresa mineradora não extraiu nada de suas minas.

Elas só serviram para a obtenção de recursos públicos, através de suas íntimas relações com o governo.

 

Veja abaixo como se encontram os “empreendimentos” de Eike Batista

Ogpar (ex-OGX), óleo e gás

Em recuperação judicial
Participação de Eike: 14%
Dívida estimada: R$ 11,2 bilhões
Situação: operante, mas foi obrigada a devolver 8 blocos exploratórios à União

OSX, indústria naval

Em recuperação judicial
Participação de Eike: 66,02%
Dívida estimada: R$ 5 bilhões
Situação: Navios-plataforma foram apreendidos para pagamento de credores

Eneva (ex-MPX), energia

Pediu recuperação judicial em dezembro de 2014
Participação de Eike: 20%
Dívida estimada: R$ 2,33 bilhões
Situação: Controle foi vendido ao grupo alemão E.ON)

MMX, mineração

Em recuperação judicial
Participação de Eike: 57,42%
Dívida estimada: mais de R$ 400 milhões
Situação: 65% do Porto Sudeste (principal ativo da empresa) foi vendido para as companhias Impala e Mubadala

Prumo (ex-LLX), logística portuária – 10,44%

Participação de Eike: 10,44%
Dívida estimada: R$ 2,52 bilhões
Situação: Responsável pela construção do Porto do Açu (RJ). Controle da empresa foi adquirido pelo grupo norte-americano EIG

CCX – mineração de carvão na Colômbia

Empresa em fase pré-operacional, sem receitas
Participação de Eike: 61,66%
Situação: Eike fechou acordo de venda dos principais ativos à turca Yildirim por US$ 125 milhões, mas operação ainda não foi concluída

Rex, imóveis

Participação de Eike: não informada
Situação: Hotel Glória foi vendido ao grupo suíço Acron por cerca de R$ 260 milhões, mas Eike fechou um outro acordo para participar do desenvolvimento do empreendimento.

Mr Lam, restaurante

Parceria de Eike com Mr.Lam
Continua em funcionamento

IMX, entretenimento

Participação de Eike: 0%
Fatia de Eike na empresa foi adquirida pelo fundo Mubadala, de Abu Dhabi

Aux, ouro

Participação de Eike: 0%
Mineradora foi vendida ao fundo Mubadala, de Abu Dhabi, por cerca de US$ 400 milhões

SIX, tecnologia

Participação de Eike: 0%
Eike vendeu a fatia de 33% que tinha na fábrica de chips ao grupo argentino Corporación América por valor não informado

Marina da Glória

Participação de Eike: 0%
Concessão do porto privado foi vendida à BR Marinas

RJX, esporte

Participação de Eike: 0%
Contrato de patrocínio de time de voleibol masculino foi rompido. Com a saída do grupo de Eike, equipe campeã da Superliga passou a chamar apenas RJ.

Pink Fleet – fora de operação

Iate teria sido desmanchado e vendido como sucata

NRX Newrest – sem informações

Parceria com o Grupo Newrest para atuação no mercado de catering não saiu do papel.

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