A ‘doença americana’ – a matança indiscriminada de pessoas a tiros por um atirador ensandecido – voltou a se repetir, desta vez na escola pública de ensino médio Marjory Stoneman Douglas, em Parkland, pacata cidade a 72 km ao norte de Miami. Um ex-aluno de 19 anos invadiu na quarta-feira (14) a escola, acionou o alarme de incêndio para fazer os estudantes deixarem as salas de aula às carreiras e matou aleatoriamente com um rifle de assalto 17 pessoas, além de ferir mais de uma dezena. Desde o início do ano, já é o oitavo massacre em escolas americanas. Considerando ainda os casos em que só houve feridos, é o 18º, em 13 estados.
O atirador, já preso, foi identificado como Nikolaus Cruz, que havia sido expulso por razões disciplinares. Ele fez parte do programa de Treinamento de Oficiais da Reserva Júnior patrocinado pelo exército dos EUA na escola, de acordo com Jillian Davis, 19, uma recém-formado da Marjory. Ela relatou à agência Reuters que “ninguém nunca o levou a sério” e que tinha “uma conversa estranha sobre armas”. O tiroteio começou por volta de 2:30 da tarde, pouco antes do final do dia escolar.
Segundo o xerife, 12 pessoas foram mortas dentro da escola; duas vítimas morreram fora do prédio; uma morreu em uma rua próxima e duas morreram no hospital. Cruz, que agiu sozinho, usou um rifle AR-15 semiautomático e tinha muita munição. Conforme os testemunhos, ele ficou durante uma hora na escola. Cruz foi preso na cidade vizinha de Coral Springs, depois de fugir misturado com a multidão de alunos que escapava da escola.
Foi uma hora de horror, sangue e tiros. A escola Marjory, segundo o New York Times, é uma das muitas nos EUA que já treina seus alunos de como agir em tiroteios. A TV mostrou estudantes deixando o prédio escoltados pela SWAT, e pais que acorreram em pânico ao local. Alunos encurralados enviaram mensagens pelas redes sociais. “É catastrófico”, disse Israel. “Realmente não há palavras”. As vítimas são adolescentes e adultos. Cinco dos feridos estão em estado crítico. A escola tem 3 mil alunos.
Como de costume, o establishment reagiu com um show de cinismo, com o presidente Trump tuitando a obviedade de que “nenhuma criança, professora ou qualquer outra pessoa deve se sentir insegura em uma escola americana” – além de dizer que estava “orando”. Já os democratas voltaram a simplificar o problema, de o que falta é “controle das armas”.
Na verdade, num país que há dezenas de anos invade e massacra um país atrás do outro, assassina em massa e glorifica o genocídio que comete, ao mesmo tempo em que o sistema neoliberal e a mídia fazem apologia do egocentrismo, da não-identificação com o próximo e da catarse sangrenta quando contrariado, não chega propriamente a ser surpreendente a volta do cipó de aroeira no lombo de quem mandou dar, e que os Mi Lais e No Gun Ris se espalhem pelas escolas da América, de Columbine e Newtown, até a Marjory Stoneman Douglas High School de Parkland. Conforme uma compilação da NBC News, tiroteios em escolas americanas este ano antes desse já haviam morto quatro pessoas e ferido 20.
A.P.
Você não pode desarmar a população por meia duzia de malucos