O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lu Kang, confirmou nesta quinta-feira (13) a detenção de dois cidadãos canadenses, em conformidade com as leis chinesas, o ex-diplomata Michael Kovrig e o consultor de negócios Michael Spavor.
Em entrevista coletiva em Pequim, o porta-voz revelou que os dois estão sendo investigados por atividades que ameaçam a segurança nacional. Ele acrescentou que a embaixada canadense foi prontamente informada, após os devidos procedimentos legais.
A detenção dos dois canadenses envolvidos em atividades relacionadas com espionagem na China acontece em meio à crise desencadeada pelo virtual sequestro da diretora financeira da Huawei, empresa vitrine da alta tecnologia chinesa, Meng Wanzhou, retirada de um voo de conexão em Vancouver a pedido dos EUA, e que só foi solta sob fiança 11 dias depois. Meng continua sob ameaça de extradição.
“Os direitos e interesses legais desses dois canadenses foram salvaguardados”, afirmou Lu, acrescentando que os dois casos “serão investigados separadamente”.
Kovrig opera para a organização Grupo Internacional de Crise (ICG), entidade não registrada na China, o que fere a legislação do país, de acordo com declaração anterior do porta-voz Lu Kang. Conforme a agência Reuters, Kovrig se dedicava a pesquisar “as relações diplomáticas da China com a Coreia do Norte”.
Spavor encabeça a Paektu Cultural Exchange, empresa “sem fins lucrativos” sediada na China e no Reino Unido. Em seu site, o grupo se diz “dedicado a facilitar a cooperação sustentável, intercâmbios transculturais, atividades, comércio e investimento com a Coreia do Norte”.
O China Daily reproduziu análise de um acadêmico chinês, Shen Yi, sobre o caso Meng, que este considera “um sequestro político”, com o objetivo de tentar cacifar Washington nas negociações em curso sobre a guerra comercial.
Se o complô usado no caso Meng se tornar “uma prática convencional”, advertiu Sheng, empreendedores no mundo inteiro “se veriam diante da ameaça de perderam sua liberdade por causa de uma ação legal unilateral”.
O acadêmico acrescentou que Washington “está abusando do seu poder” e toma como garantido “que todas as suas doenças podem ser curadas por coagir os outros a tomarem os remédios que prescreve”. “O declínio relativo do poder dos EUA o leva a agir histericamente sob influência da política doméstica”, desencadeando comportamentos fora de controle, do qual o sequestro de Meng “é apenas a última concretização”. Sheng concluiu assinalando que a China não tinha como se esquivar, no momento atual, do teste de “como lidar com um EUA irracional e cabeça quente”.