Exigindo o fim da impunidade, milhares de manifestantes marcharam no domingo até a sede do poder Judiciário da República Dominicana para protestar contra a extrema lentidão no julgamento e condenação dos corruptos envolvidos com os milionários subornos distribuídos pela construtora Odebrecht a ministros e parlamentares do país.
Dados revelados pela própria empresa apontam a República Dominicana como o terceiro país onde mais propinas foram pagas para conseguirem licitações de obras e favores. Foram US$ 92 milhões, ficando atrás somente do Brasil e da Venezuela, esta com US$ 98 milhões.
A investigação “é uma caricatura que não garante justiça”, declarou a ex-dirigente do Sindicato dos Professores, María Teresa Cabrera, enquanto caminhava na marcha contra a impunidade. Conforme Cabrera, uma das porta-vozes do movimento, “há muita gente que sequer foi investigada pela Procuradoria”.
Os escandalosos subornos atingiram em cheio o governo do presidente Danilo Medina, após a detenção de um ministro e de outras dez pessoas, incluindo vários ex-funcionários. Dois senadores da situação e um deputado opositor também foram envolvidos no caso, fazendo com que a Procuradoria pedisse ao Congresso a suspensão da imunidade dos três para que eles possam ser presos.
As delações fazem parte de um acordo pelo qual a construtora se comprometeu a pagar ao Estado uma indenização de US$ 184 milhões, o dobro da quantia dos subornos.
A Odebrecht foi contratada para realizar pelo menos 17 obras, entre circuitos de autoestradas, pontes, reservatórios para represas hidrelétricas, aquedutos e até uma usina de geração elétrica, obra ainda inconclusa.
Conforme delatores, o ex-presidente Lula já embarcou para o país em voos custeados pela empreiteira em 2013. Depois da viagem, a Odebrecht recebeu mais US$ 1,1 bilhão em linhas de crédito do BNDES para operar obras na República Dominicana e recebeu seu maior crédito por uma única obra desde então: US$ 656 milhões para a construção de uma termelétrica.
Devido às constantes objeções apresentadas pelos acusados, as audiências preliminares iniciadas no dia 6 de julho foram postergadas em inúmeras ocasiões. A próxima está prevista para 23 de agosto.