Depois do fracasso da privatização, o aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP), que passa por uma grave crise financeira, pode virar um centro de distribuição da chinesa Alibaba, dona da varejista eletrônica AliExpress. O objetivo é fazer do aeroporto, o maior do país no transporte de cargas, a porta de entrada dos produtos chineses no país.
Em fevereiro de 2012, o aeroporto foi privatizado pelo governo Dilma, e a concessionária Aeroportos Brasil Viracopos (ABV) ganhou o direito de exploração por 30 anos. A ABV possui 51% do aeroporto, dividido entre as brasileiras UTC Participações S.A. (45%) e Triunfo Participações e Investimentos S.A (45%), e a francesa Egis Airport Operation (10%).
A administração privada tem outorgas em atraso, além da dívida de R$ 2,6 bilhões Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O banco estatal concentra 90% da dívida do aeroporto entregue a iniciativa privada.
Os chineses querem adquirir o controle da concessão e pretendem priorizar a movimentação de cargas e menos para o tráfego de passageiros que segue em declínio desde a privatização. No Brasil quem representa a Alibaba é a Global Logistic Properties, que negocia com ABV a transferência do consórcio e das dívidas.
O controlador da Alibaba, Jack Ma afirmou que estuda formas de ter um escritório no país para a venda de artigos produzidos na China, investimentos em logística e a oferta de crédito.
Viracopos faz parte de um plano de privatização de aeroportos realizado pela ex-presidente Dilma Rousseff em 2011 que dizia que com a entrega do patrimônio público a iniciativa privada, a União arrecadaria R$ 24 bilhões, o que nunca aconteceu.
O grupo que arrematou Viracopos dizia que em 2016, quando a fase de investimentos estaria concluída, haveria 17,9 milhões de passageiros e um a movimentação de carga de chegaria a 409 mil toneladas. Mas a gestão privada só conseguiu em 2016 transportar 9,3 milhões de passageiros -52% do projetado e movimentar 166 mil toneladas de cargas -41% do estimado.
Em julho de 2017, a UTC entrou com pedido de recuperação judicial (RJ) e muitas das responsabilidades financeiras não cumpridas foram assumidas pela sócia Triunfo, que também não honrou com os pagamentos. Diante disso, a concessionária pediu para a Agência Nacional de Aviação (Anac) a devolução da concessão para a União. A agência negou e abriu um processo para cassar a concessão.
O caso foi para o Superior Tribunal de Justiça (STJ), que negou o pedido. A privatização de Viracopos é o exemplo clássico que a gestão privada em nada é melhor do que a gestão pública. O entreguismo dos governos PT/PMDB aceita a possibilidade do Aeroporto de Viracopos deixar de atender a população para virar o ponto de carga da empresa chinesa.