O ex-funcionário do Ministério da Educação apontado pela Polícia Federal como membro do esquema que superfaturou kits de robótica teve pelo menos 14 reuniões com o dono da Megalic, empresa que fez a venda, durante o governo Bolsonaro, e aliado do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
Alexsander Moreira, então coordenador de redes de infraestrutura do Ministério, se reuniu 14 vezes com Edmundo Catunda, dono da Megalic, entre 2020 e 2021.
Todas as reuniões foram realizadas durante o governo Bolsonaro, quando o plano criminoso foi gestado e colocado em prática, bancado pelo esquema do orçamento secreto.
Alexsander Moreira e Edmundo Catunda foram alvo de operações de busca e apreensão da PF. No período em que estava lotado no Ministério, Moreira movimentou R$ 737 mil em suas contas bancárias, inclusive com depósitos em dinheiro vivo entre 2021 e 2022.
Antes disso, Alexsander trabalhou na empresa Pete, que era a fornecedora dos kits de robótica da Megalic. A Megalic comprava os kits por R$ 2,7 mil e os vendia para Prefeituras por R$ 14 mil.
Alexsander Moreira trabalhou no Ministério entre 2016 e junho de 2023, quando foi alvo de operação da PF e exonerado pelo governo Lula.
Edmundo Catunda é pai do vereador de Maceió, João Catunda, que é aliado de Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara.
Segundo levantamento feito pelo site Poder360, via LAI (Lei de Acesso à Informação), Edmundo Catunda esteve ao menos 101 vezes na Câmara dos Deputados desde 2016. Em 11 dessas ocasiões esteve em gabinetes do hoje presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL).
CORRUPÇÃO
A compra dos kits de robótica aconteceu através da indicação de emendas vindas do orçamento secreto, mecanismo liderado por Arthur Lira (PP-AL) e que foi considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Na investigação, a PF encontrou indícios de que a licitação para compra de kits de robótica para escolas foi fraudada em benefício da Megalic. Depois disso, era só esperar as emendas e fazer as vendas superfaturadas.
A Megalic passava parte do dinheiro para outras empresas, que faziam os pagamentos para os membros da organização criminosa.
Um deles, Luciano Cavalcante, ex-assessor de Arthur Lira na Câmara, foi flagrado recebendo dinheiro no estacionamento de um hotel, através de seu motorista.
Em sua posse, a PF encontrou um papel com anotações para outras pessoas. Uma pessoa chamada “Arthur” iria receber R$ 265 mil, segundo o documento.
Há ainda um gasto de R$ 3.652 anotado como “Hotel Emiliano = Arthur”, referente ao dia 17 de abril. Nesta mesma data, Arthur Lira viajou para São Paulo, onde costuma se hospedar no Hotel Emiliano, nos Jardins.