O empresário Gonçalo Borges Torrealba, investigado por pagar propina a Michel Temer, afirmou que João Baptista Lima Filho arrecadava dinheiro para campanhas eleitorais do peemedebista. A revelação foi feita em depoimento do proprietário do Grupo Libra à Polícia Federal no início de abril.
Segundo informação publicada pelo jornal “O Globo”, Lima – amigo de longa data do peemedebista – pediu dinheiro, em nome de Temer, a empresas do porto de Santos (SP), área de influência do político. A informação corrobora os depoimentos prestados pelos irmãos Batista, do grupo J&F, que, em colaboração premiada, afirmaram que Lima era quem arrecadava dinheiro para Temer.
Torrealba disse aos investigadores que Batista Lima solicitou repasses de recursos financeiros a uma campanha eleitoral de Temer ao cargo de deputado federal em uma visita à sede do Grupo Libra há mais de 15 anos.
O dono do Grupo Libra declarou à PF que esse foi o primeiro de diversos contatos que manteve com Lima ao longo desse período. Gonçalo Torrealba disse que pediu a ajuda do amigo de Temer para se reunir, em 2015, com o então ministro da Secretaria dos Portos, Edinho Araújo, ex-deputado do PMDB próximo de Temer e atual prefeito de São José do Rio Preto (SP).
Na ocasião, o grupo travava uma disputa judicial com o governo federal para prorrogar a duração de seus contratos, mesmo possuindo dívida de R$ 2,8 bilhões junto à União. Em setembro de 2015, a empresa teve seus contratos estendidos até 2035 em decisão assinada justamente por Edinho.
A PF mapeou doações da família Torrealba ao diretório nacional do PMDB. Em 2006, foram doados R$ 75 mil. Na campanha de 2010, a família doou R$ 500 mil ao diretório nacional. Já em 2014, quando Temer presidia o partido, o repasse foi de R$ 2 milhões.
Em janeiro, ao responder a 50 perguntas da PF no inquérito que investiga se a Rodrimar, que opera no porto de Santos, foi beneficiada por decreto assinado por Temer, o presidente afirmou que batista Lima nunca atuou na arrecadação de recursos.