O governador João Doria (PSDB) declarou que o estado de São Paulo “está chegando ao platô” no nível de transmissão da Covid-19.
Segundo ele, um dos indícios é que a ocupação de leitos de UTI caiu de 90% para 70% e “não tivemos, não temos e não teremos colapso hospitalar”.
Em entrevista coletiva na segunda-feira (8), os integrantes do Comitê de Contingência do Coronavírus em São Paulo também argumentaram que o estado chegou ao platô da pandemia. Segundo eles, há algumas semanas São Paulo tem registrado um ritmo constante de aumento dos casos da doença.
“Os números de crescimento de casos continuam apontando para uma certa redução no estado. Esse é um dado positivo que estávamos esperando há um mês atrás para ter uma noção de que realmente estamos atingindo o nosso platô e isso nos deixa bastante mais tranquilos. Temos ainda muitos problemas pela frente, várias semanas de intenso trabalho e precisamos ainda do apoio irrestrito da população no uso de máscaras e manutenção das taxas de isolamento social”, afirmou o coordenador do comitê, Carlos Carvalho.
O secretário estadual de Saúde, José Henrique Germann, avalizou a análise de Carlos Carvalho sobre uma estabilização da epidemia no estado.
“Enfatizando o que o doutor Carlos disse, nós estamos tendo um crescimento a baixa velocidade. O aumento de casos tem sido de 5% por dia e de óbitos, 3%. Isso vem vindo há um bom tempo. Nesse sentido, estamos vendo uma certa estabilização do comportamento da epidemia no estado”, afirmou o secretário de Saúde.
Na segunda-feira, o total de casos registrados é de 144.593 e de óbitos, 9.188. O estado está com 67,5% de ocupação dos leitos de UTI e, na região metropolitana de São Paulo, essa taxa é de 75,5%. Os dois índices vêm reduzindo desde a semana passada após a distribuição de novos respiradores a diversas regiões do estado. A obrigatoriedade do uso de máscaras também contribuiu.
Na semana passada, na capital também foi verificada uma estabilização.
A cidade de São Paulo registrou por dois dias seguidos índices de internação em UTI abaixo de 70% nos hospitais municipais e endereços conveniados. Desde o início da pandemia, esse índice sempre esteve acima de 80%. No mesmo período, o ritmo de mortes vem aumentando de forma mais lenta. De uma média de 100 óbitos por dia, entre picos que ultrapassaram 300, a capital baixou para 64 novas mortes entre segunda e terça-feira, no dia 2.
Segundo as autoridades municipais, a redução é resultado do aumento de leitos de UTI disponíveis e também dos pedidos de internação, que têm caído, chegando a 42 por dia no fim de maio.
No início de maio, a média era acima de 50 pedidos diários. “O cenário se alterou, antes tínhamos uma curva acentuada para cima”, disse o secretário municipal de Saúde, Edson Aparecido, na quarta-feira (30/05).
Na entrevista desta segunda-feira, ao lado do governador João Doria, o prefeito Bruno Covas (PSDB) avaliou que o pior momento da pandemia na capital foi entre os dias 23 de abril e 8 de maio, quando o sistema público de saúde chegou próximo ao colapso. Na ocasião, o prefeito admitiu a hipótese de decretar lockdown (isolamento mais duro).
Na cidade de São Paulo, a retomada de parte do atendimento presencial ao público em alguns setores, como concessionárias de veículos e escritórios em geral, fez lotar o transporte público municipal. Foi registrado na manhã desta segunda-feira ônibus circulando com passageiros em pé, o que está proibido na capital.
O prefeito disse que se a situação na for resolvida até o fim de semana, o secretário municipal de Transportes, Edson Caram, será demitido.
“O secretário tem até sexta-feira (12). Se não, a partir de segunda-feira será outro secretário”, afirmou Covas.
O governador João Doria criticou e ironizou Bolsonaro por sonegar os dados referentes às vítimas da Covid-19.
Em entrevista à CNN Brasil, ele considerou a medida inócua, porque “os dados consolidados quem tem são as secretarias estaduais de Saúde e não o governo [federal]”. “Erraram na mosca”, completou.