O governador de São Paulo, João Doria, criticou a demora na resposta do Ministério da Saúde ao pedido de recursos para a ampliação e adaptação da fábrica do Instituto Butantan que deve produzir a vacina CoronaVac. O aporte federal estava sendo discutido com o ministro Eduardo Pazzuelo.
“Não é hora de vacilação, é hora de vacinação. Num momento como esse, urgência, emergência, capacidade de superar burocracias fazem parte de um governo responsável que quer salvar vidas e proteger pessoas. É isso que nós esperamos do Ministério da Saúde do Brasil”, disse Doria em entrevista coletiva.
A vacina desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac está na fase 3 de testes no Brasil.
O secretário de Saúde do Estado, Jean Gorinchteyn, disse, na mesma coletiva, que o governo de São Paulo ainda não obteve uma resposta do Ministério da Saúde sobre os recursos para os testes com a vacina e para o aumento da importação e aceleração do processo para que ela seja produzida localmente pelo Butantan.
Além do investimento de R$ 60 milhões para a ampliação e adaptação da fábrica paulista e outros R$ 85 milhões destinados ao estudo clínico da vacina.
Se a vacina for aprovada nos testes clínicos, a China deverá disponibilizar 120 milhões de doses ao Brasil até maio de 2021. Segundo o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, após a liberação da ANVISA, 46 milhões de doses serão entregues ao SUS já em dezembro.
O acordo com o laboratório chinês prevê ainda a produção de 120 milhões de doses da CoronaVac em solo nacional. “A construção da fábrica é o último passo da transferência de tecnologia, ela deve estar pronta no final do próximo ano e operando em plena capacidade no início de 2022. É uma boa notícia, vai dotar o Butantan de uma fábrica moderna, dentro de toda a tecnologia mais avançada que existe nesse momento, então as notícias são muito boas e estamos muito otimistas em relação a esses prazos anunciados”, disse Dimas Covas, nesta segunda-feira (14).
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Nesta segunda-feira (14), Doria se reuniu com um grupo de empresários a conclusão de uma nova etapa de arrecadação de doações para a fábrica do Instituto Butantan que deve produzir a vacina CoronaVac, contra Covid-19.
Segundo Doria, as doações de empresas do setor privado somam R$ 97 milhões.
O governo afirma que, com o valor já arrecadado, foi possível contratar o projeto executivo da fábrica e o início das obras deve ocorrer em novembro. As adaptações devem seguir por cerca de 10 a 15 meses, segundo o presidente da InvestSP, Wilson Mello, que prevê que a obra deve ser encerrada no 2º semestre de 2021.
“É uma fábrica multipropósito, ela tem a flexibilidade de poder produzir não só a CoronaVac mas também outros tipos de vacina, então terá sua utilidade durante o projeto de imunização contra o coronavírus, mas também para outras campanhas importantes”, disse Mello.
O local que deve ser utilizado, chamado pelo Butantan de Centro Multipropósito para Produção de Vacinas (CMPV), tem uma área de mais de 2,5 mil metros quadrados e, atualmente, encontra-se fora de operação. A expectativa é que, com as doações, seja possível habilitar o espaço para a produção da CoronaVac e de outras vacinas feitas com tecnologia similar.