Para o governador de São Paulo, se Bolsonaro ficar mais dois anos na presidência da República “o Brasil estará destruído pela incompetência, inépcia, incapacidade, mortalidade e pela insanidade”
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), nesta sexta-feira (15), ao lado do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do candidato dele à sucessão, Baleia Rossi (MDB-SP), convocou a população a reagir aos desmandos do governo Bolsonaro.
Maia e Baleia Rossi se encontraram com o governador para conversar sobre a eleição da presidência da Câmara que acontecerá no início do próximo mês.
Em entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes, Doria chamou a sociedade a participar do panelaço marcado para as 20h30 de hoje.
O governador de São Paulo afirmou que Bolsonaro é “um presidente negacionista, indiferente, frio, sem solidariedade, sem a menor capacidade de gerir o Brasil”. Para ele, o governo Bolsonaro está “sem rumo, sem plano, sem meta, sem objetivo e sem coração”.
“Será que o Brasil, que já se mobilizou nas ruas pela mudança, com movimentos cívicos de ordem popular, vai continuar quieto e não vai reagir? Reaja Brasil, reaja Congresso Nacional, cumpra o seu papel. Cada parlamentar sabe o seu papel, a força da sua voz. Reajam governadores, prefeitos, dirigentes sindicais, formadores de opinião, ampliem a reação da imprensa, um dos poucos segmentos que tem se mantido na posição de contrapor-se a um facínora que comanda o país”, disse.
Doria ainda alertou que se Bolsonaro ficar mais dois anos na presidência da República “o Brasil estará destruído pela incompetência, inépcia, incapacidade, mortalidade e pela insanidade”.
“Será que o Brasil que você deseja para os seus filhos e netos é o Brasil de Jair Bolsonaro? Tenho certeza que muitas vozes vão começar a se levantar em defesa do Brasil. Se não fizermos isso, em dois anos, o Brasil estará destruído pela incompetência, inépcia, incapacidade, mortalidade e pela insanidade. Sem aglomerações, povo nas janelas, façam panelaço, usem as redes sociais, legitimas e verdadeiras, não as robóticas e mentirosas. O Brasil tem coragem, sim, de reagir”, advertiu.
Rodrigo Maia disse que o impeachment de Bolsonaro vai ser discutido, mas não neste momento, em que a prioridade é combater a pandemia da Covid-19. “Esse tema, de forma inevitável, será debatido no futuro. Mas, nesse momento de perdas de vidas, trocar o foco do que é principal, mesmo sabendo que há uma desorganização, falta de comando do Ministério da Saúde e que precisamos que o governo federal assuma a responsabilidade sobre o SUS”, declarou.
Para Maia, o Congresso deveria “voltar aos trabalhos (está em recesso), cobrar do ministro (Eduardo Pazuello), cobrar da Anvisa uma posição transparente em relação à autorização das vacinas, cobrar da Casa Civil qual é a coordenação, cobrar dos ministros da Saúde e da Economia (Paulo Guedes)”.
“Não deveríamos ter parado desde o início do ano. Deveríamos retomar os trabalhos rapidamente, mesmo que por meio da comissão representativa, e depois discutir outros temas”, recomendou.
O candidato à presidência da Câmara, Baleia Rossi, declarou que, se for eleito, a partir do dia 2 de fevereiro, agiria “de acordo com o que diz a Constituição”. “A Câmara pode, sim, ser protagonista nessa história. Uma candidatura não pode ter como bandeira o impedimento do presidente. Todos os pedidos que estiverem colocados vão ser analisados por mim, depois do dia 2 de fevereiro, dentro do que diz a Constituição”, afirmou.
Baleia disse que “quando for preciso, a Câmara precisa ser um contraponto aos exageros do governo federal”.
Bolsonaro reagiu as declarações de Doria e Maia com extremo desespero em entrevista ao programa Brasil Urgente, apresentado por José Luiz Datena na Band.
Ele atacou Doria com xingamentos e acusações desconexas, como “incompetente”, “ladrão”, “moleque” e “calcinha apertada”.
Ele também atacou Rodrigo Maia, acusando-o de travar a aprovação de projetos importantes do governo e de só pensar na eleição para a presidência da Câmara. Bolsonaro apoia o deputado Arthur Lira (PP-AL), um dos líderes do Centrão.
Bolsonaro também mentiu sobre a crise de saúde no Amazonas, onde pessoas estão morrendo asfixiadas em Manaus por falta de cilindros de oxigênio em hospitais lotados de pacientes graves com Covid-19. Ele disse que não pode fazer nada porque o Supremo Tribunal Federal decidiu que a responsabilidade de enfrentar a pandemia era dos governadores e prefeitos.
O que o STF decidiu é que estados e municípios têm autonomia para tomar suas decisões, mas, em nenhum momento, tirou da União a sua responsabilidade.