O prefeito de São Paulo, João Dória (PSDB), anunciou na semana passada seu novo programa de alimentação para a cidade o “Alimento para Todos”, que pretende oferecer para as populações em situação de miséria um “composto granulado” feito a partir de restos de comida prestes a vencer, não comercializados pelas empresas e redes de supermercado. Em troca, as empresas receberão diversos incentivos econômicos.
Entre os benéficos às empresas estão incentivos “creditícios, compreendendo a concessão de financiamentos em condições favorecidas, admitindo-se créditos a título não reembolsável […] isenção de Imposto sobre Serviços (ISS), Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU)”, entre outros incentivos fiscais.
Ana Carolina Feldenheimer, professora de Nutrição Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) criticou a proposta, “não ouvir só a indústria que tem um interesse claro em se livrar de parte do que sobra da produção. Produtos que seriam lixo, que a indústria teria de pagar para se livrar, porque hoje no Brasil quem gera lixo acima de determinada quantidade tem de pagar para recolher. Vai baratear esse custo ao mandar para a população esse complemento que a gente não sabe nem de onde veio, nem quais os produtos que vão nele”.
A empresa que produz a substância atualmente trabalha apenas com a ajuda de algumas indústrias licenciadas e confeccionou somente amostras dos produtos. A dona da empresa, Rosana Perroti, afirma que só a partir de agora vai dar para prosseguir com melhorias tecnológicas nas instalações que processam o “alimento”.
Segundo ela a empresa já “teve” uma fábrica que foi inaugurada em 2013, mas “não tinha volume suficiente pra processar porque são tecnologias que são aplicadas na indústria de alimentos e farmacêutica e que demandam volumes”. A sede atual da instituição é um condomínio de luxo, na Vila Olímpia, em São Paulo.